Rússia acusa EUA de distanciar acordos de paz ao entregar mais armas à Ucrânia

Rússia acusa EUA de distanciar acordos de paz ao entregar mais armas à Ucrânia
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, falou também sobre a crise alimentar causada pelo conflito. Imagem de dentro de uma escola atacada na cidade de Donetsk, na Ucrânia

Anna Kudriavtseva/REUTERS

O Kremlin acusou nesta quarta-feira (1) o governo dos Estados Unidos de distanciar um acordo de paz após o anúncio da entrega de mísseis americanos à Ucrânia, para responder à ofensiva russa.

"Nós acreditamos que os Estados Unidos jogam lenha na fogueira de maneira deliberada (...) As entregas (de armas) não encorajam as autoridades ucranianas a retomar as negociações de paz", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

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Maxim Shemetov/REUTERS

Durante a entrevista coletiva, Peskov também falou sobre a utilização de tais armas. Segundo ele, a Rússia não confia plenamente na Ucrânia quanto ao uso dos mísseis.

Os EUA disseram que os armamentos enviados são apenas para defesa interna e que não tem potencial para atingir o território russo.

Crise alimentar

Mais de três meses desde que invadiu a Ucrânia, a Rússia tomou grande parte da costa de seu vizinho e está bloqueando seus portos, mas está tentando culpar a falta de embarques de grãos nas sanções ocidentais e na própria Kiev.

"Estamos potencialmente à beira de uma crise alimentar muito profunda ligada à aplicação de restrições ilegais contra nós", disse Peskov.

Segundo ele, as autoridades ucranianas colocaram minas de proximidade nas regiões que levam ao mar negro e isso impede a comercialização de tais grãos.

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Recentemente, em uma comunicado divulgado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) indicou que mais de 16 milhões de pessoas na África estão em situação de "elevada insegurança alimentar grave".

A previsão é de que até setembro esse número possa aumentar para 20 milhões.

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O Papa Francisco pediu nesta quarta-feira o fim do bloqueio às exportações de trigo da Ucrânia, bloqueados em portos do país por conta da invasão da Rússia. Pela primeira vez, o pontífice se mostrou preocupado com a fome no mundo, e pediu que o grão não seja "uma arma de guerra".

"O bloqueio das exportações de trigo da Ucrânia é muito preocupante porque a vida de milhões de pessoas depende disso, especialmente em países pobres", declarou a fieis que acompanhavam a audiência semanal do Vaticano, na praça São Pedro.

Esta foi a primeira vez que o pontífice falou sobre o aumento da fome no mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a guerra já provoca uma crise mundial de alimentos, que está piorando por conta dos bloqueios.