Petrobras e Eletrobras reportam lucros bilionários no 1º trimestre em meio a mudanças de gestão

Resultados são os últimos dos antigos presidentes das companhias estatais

Em meio à dança das cadeiras em suas presidências, a Eletrobras e a Petrobras divulgaram nesta semana seus resultados do primeiro trimestre deste ano – e não decepcionaram. A elétrica ainda está no processo de capitalização, que tramita pela Câmara dos Deputados e sem futuro concreto, enquanto a petroleira se beneficiou dos altos preços do petróleo, assim como do dólar, entre janeiro e março.

O balanço da Eletrobras nos primeiros três meses de 2021, apresentado na última quarta-feira (12), foi beneficiado pelos resultados em transmissão, após a revisão tarifária periódica, que teve efeito a partir de julho de 2020, mas limitado pelas provisões para contingências. O lucro líquido da estatal foi de R$ 1,6 bilhão, aumento de 31% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia foi de R$ 3,85 bilhões, alta de 11% na comparação anual.

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De acordo com a Ativa Investimentos, a Eletrobras no momento está mais focada em torno do “andamento da pauta que versa sobre a capitalização da companhia, que propriamente pelos fundamentos operacionais e financeiros demonstrados ao longo do primeiro trimestre, o último comandado majoritariamente por Wilson Ferreira Junior”. O novo presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, tomou posse no dia 7 deste mês.

O relator da Medida Provisória (MP) da privatização da Eletrobras, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), encaminhou nesta semana seu texto às lideranças partidárias. Em teleconferência de resultados, Limp afirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou que a MP provavelmente será votada na Casa na próxima semana. “Isso traz um otimismo muito grande para que o projeto avance de fato.”

A Petrobras, que também passou recentemente por mudanças no comando, apresentou ontem (13) resultado positivo no primeiro trimestre. A petroleira teve um lucro líquido de R$ 1,17 bilhão referente aos três primeiros meses de 2021 e conseguiu reverter o prejuízo recorde de R$ 48,5 bilhões do primeiro trimestre de 2020. No entanto, o número ficou abaixo dos R$ 59,9 bilhões do quarto trimestre do ano passado. O Ebitda ficou em R$ 48,9 bilhões, alta de 30,5% na comparação anual. O preço médio do petróleo tipo Brent foi de US$ 60,9 por barril.

O novo presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que assumiu em abril, disse que os resultados “foram sustentáveis, apesar do contexto desafiador”, em comentários sobre o balanço.

O general não participou da teleconferência de resultados com analistas, mas disse em mensagem gravada que a Petrobras continuará focada em crescer “sustentada pela robusta produção de óleo, gás e derivados”.

“A celeridade nos investimentos é decisiva para enfrentarmos a transição energética, e não postergarmos a arrecadação de tributos para a sociedade”. O novo presidente da estatal também reafirmou o plano da companhia para os próximos anos, e defendeu que a petroleira irá extrair, daqui em diante, “mais petróleo do que em toda história”.

“Para os próximos cinco anos, temos um plano ambicioso de investimentos, com previsão de entrada de 13 novos sistemas de produção em seis campos.” “Somados aos demais investimentos serão US$ 55 bilhões empregados entre 2021 e 2025.”

Quanto à política de preços da companhia, alvo de debates frequentes no mercado, o diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella, disse que não há necessidade de ser alterado no momento. “O nível de ajustes nos parece adequado, permite não repassar imediatamente as oscilações do mercado externo e ainda manter os preços a níveis competitivos.”

O diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araujo Alves, reforçou que “nova administração segue fortemente focada em assegurar execução dos planos de M&A”.

Para a Ativa Investimentos, os números da Petrobras foram neutros. “Ainda que a conjuntura se mostre desafiadora e que o resultado reportado contenha predicados relevantes, como a robusta redução do patamar de endividamento, a queda consolidada nos custos e despesas, o ganho de share no mercado interno de derivados e o comprometimento por escrito da nova gestão em priorizar a operação de ativos onde a companhia é best in class, consideramos os números apresentados apenas neutros.”

Para Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, a Petrobras desempenha um processo bem feito de redução de dívida e, apesar de alguns números abaixo do consenso, outras linhas vieram “muito boas”. Costa ressalta que o controle de preços dos combustíveis “não afetou o processo da redução da lucratividade”. O “processo de venda de ativos se mantém e mostra que a queda que vimos nas ações na troca de presidente não faz muito sentido. A empresa continua lucrando bastante”, avalia. (Com Reuters)

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