Eslovênia: Primeiro-ministro populista é derrotado por novato nas eleições legislativas

Eslovênia: Primeiro-ministro populista é derrotado por novato nas eleições legislativas
Janez Jansa tentava garantir seu quarto mandato e reconheceu a derrota; Robert Golob, candidato liberal, empresário e sem experiência política, levou a melhor antes mesmo do fim da apuração. Robert Golob discursa de forma remota para membros do partido após vitória nas eleições da Eslovênia

Borut Zivulovic/Reuters

O primeiro-ministro populista da Eslovênia foi derrotado por um candidato novato nas eleições legislativas deste domingo (25).

Janez Jansa, que tentava garantir seu quarto mandato na história, reconheceu a derrota para Robert Golob, candidato liberal, empresário e sem experiência política.

O Movimento para a Liberdade (GS), do liberal Robert Golob, de 55 anos, obteve 34% dos votos, bem à frente dos 24% obtidos pelo Partido Democrático da Eslovênia (SDS) de Jansa, de 63.

O resultado foi reconhecido mesmo antes do fim da apuração, ainda com 93% dos votos contados e marcou uma grande derrota para Jansa, que é onipresente na vida política eslovena há três décadas.

Forte participação

A Eslovênia é uma república parlamentarista e os eleitores decidiram, no fim de semana, a distribuição dos 90 assentos de seu parlamento.

O pleito ocorreu em um contexto geral de descontentamento da sociedade civil com as ações do governo atual, que gerou protestos nos últimos meses.

Próximo do fechamento das urnas, a taxa de participação era de quase 50% – o voto não é obrigatório na Eslovênia – superior em quase 15 pontos percentuais em relação a 2018.

Segundo a Comissão Eleitoral, ainda falta ser acrescentado o montante de votos enviado por correio de forma antecipada.

Premiê polêmico

O polêmico Jansa, atual premiê, foi criticado tanto nas ruas de seu país quanto na União Europeia, acusado de copiar o estilo autoritário do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

Janez Jansa, premiê esloveno, em discurso no dia das eleições

Borut Zivulovic/Reuters

O líder, que voltou ao poder em março de 2020, é acusado de repetidas violações do Estado de direito pela Comissão Europeia, que ele descreve como "burocratas pagos em excesso".

Durante esses dois anos, seu governo "realizou repetidos ataques contra o Estado de direito e as instituições democráticas", observou a influente ONG americana Freedom House.

Admirador declarado de Donald Trump e aliado do ultraconservador Orban, Jansa privou a agência nacional de notícias STA de fundos públicos por meses, considerando-a muito crítica.