Entre as 100 cidades com maior impacto do benefício nas economias municipais, 96 estão no Nordeste. Auxílio BrasilAndré Melo Andrade/Immagini/Estadão ConteúdoO impacto do Auxílio Brasil pode passar de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nos municípios. Entre as 100 cidades com maior impacto do benefício nas economias municipais, 96 estão no Nordeste, 3 no Norte e 1 no Sudeste. A projeção é de Ecio Costa, professor titular de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e da P³ Inteligência.No município de Serrano do Maranhão (MA), o efeito do Auxílio Brasil no PIB é o mais significativo: quase 34%. Dos 10 municípios com o maior impacto do benefício no PIB, 7 estão no Maranhão. Ainda segundo o levantamento, o Auxílio Brasil equivale a 10% ou mais do PIB para 648 cidades brasileiras – 597 delas no Nordeste. Já entre os 100 municípios com os menores impactos do benefício (entre 0,01% e 0,1% do PIB), 81 são na região Sul - 54 no Rio Grande do Sul, 26 em Santa Catarina e um no Paraná. Os demais estão no Sudeste (17), Centro-Oeste (1) e Nordeste (1).Os 10 municípios com os menores impactos do Auxílio Brasil no PIB são, pela ordem: Pomerode (SC), Nova Roma do Sul, Carlos Barbosa, Fagundes Varela, Aratiba, Picada Café, Três Arroios, Westfália (todos no RS), Iracemápolis (SP) e Vila Flores (RS). As capitais com maiores impactos do benefício no PIB são as seguintes:Belém (2%)Fortaleza (1,82%)Macapá (1,66%)Rio Branco (1,64%)Teresina (1,61%)Salvador (1,59%)João Pessoa (1,54%)Maceió (1,4%)São Luís (1,33%)Aracaju (1,14%)Natal (1,13%) Já Brasília (0,19%), Curitiba (0,23%), Florianópolis (0,24%), Porto Alegre (0,33%), São Paulo (0,37%), Belo Horizonte (0,45%) e Rio de Janeiro (0,48%) tiveram os menores impactos. Pelas projeções do economista Ecio Costa, o impacto médio do Auxílio Brasil deve ser de 1,04% do PIB nacional em 2022.Nos estados, os maiores impactos são no Maranhão e Piauí, acima de 4%. Dos 10 estados com os maiores efeitos, oito são no Nordeste - apenas o Rio Grande do Norte ficou de fora. Entraram ainda Acre e Pará, no Norte do país.Por regiões, o Nordeste é o maior beneficiado, já que sempre teve o maior número de famílias beneficiárias. LEIA TAMBÉM:2,8 milhões de famílias estavam na fila de espera em abrilValor médio passa de R$ 500 em 4 municípios em maio; veja o que compõe o benefício13 estados têm mais beneficiários que trabalhadores com carteira assinadaQual o valor? Quem recebe? Tire dúvidas sobre o programa socialAuxílio Brasil: 2,8 milhões de famílias estavam na fila de espera em abril, diz estudo da CNM“O percentual vai ser maior justamente onde você tem provavelmente o maior número de beneficiários em relação ao tamanho do município e da economia. Em geral, os municípios mais pobres têm uma necessidade maior de auxílio porque têm uma população mais pobre”, explica Costa.O economista usou dados do PIB de 2019 dos municípios (último levantamento disponível dentro das estatísticas do IBGE) e depois inflacionou para 2020 e 2021. Com relação aos dados do Auxílio Brasil, usou os dados disponíveis no Ministério da Cidadania de janeiro a maio e então projetou o valor para os meses de junho a dezembro. Esses valores não incluem uma possível elevação do valor do Auxílio Brasil para R$ 600. O efeito dessa elevação potencializaria o impacto sobre o PIB de todos os municípios, com uma elevação aproximada de 25%, segundo o economista.No caso do município de Serrano do Maranhão, em maio, havia 4.370 famílias beneficiárias. A cidade tem uma população de 10.343 habitantes, segundo o IBGE. O valor médio pago foi de R$ 422,27 – o total repassado para as famílias foi de R$ 1.724.545.Veja abaixo os números de habitantes e de famílias beneficiárias e os valores repassados dentro do Auxílio Brasil nos 10 municípios com maior impacto do benefício dentro do PIB:De acordo com o economista Ecio Costa, o Auxílio Brasil tem um impacto significativo por ser um programa de transferência de renda direta para a população, sem nenhuma contrapartida que possa atrapalhar a chegada dos recursos na ponta."Por isso, há um efeito pulverizado e multiplicador. E, como as famílias gastam o dinheiro em várias frentes, com uma parcela um pouco maior em alimentos e materiais de construção, isso termina movimentando a economia em todos os segmentos", explica.Segundo ele, para alguns municípios, o Auxílio Brasil pode trazer a sensação de que a crise econômica não impõe tantas consequências negativas, já que essa injeção de recursos na economia favorece o consumo, que traz efeitos para o comércio, serviços e indústria, evitando inclusive demissões de funcionários. Mas há a ressalva da inflação, que corrói o poder de compra principalmente da população de baixa renda porque pesa mais sobre os alimentos, principal item consumido pelos beneficiários.Auxílio Emergencial também teve impactoAuxílio emergencial tem maior impacto nos 30% mais pobresOutro estudo feito pelo economista em 2020 mostrou que o impacto econômico do Auxílio Emergencial também beneficiou principalmente os estados do Norte e Nordeste.Auxílio Emergencial 'segurou' queda ainda maior do PIB No Nordeste, o impacto foi, em média, de 6,5% do PIB, mais que o dobro do peso nacional, de 2,5%. No Norte, o impacto foi de 4,8%. O estado mais beneficiado foi novamente o Maranhão, com 8,6%.No ranking do impacto por estados, os seis primeiros colocados são do Nordeste. Por outro lado, apesar de o estado de São Paulo ser o maior recebedor, em termos nominais, quando comparado com o tamanho da sua economia, ele ficou em 25º lugar. Veja no gráfico abaixo:O economista lembra que o Auxílio Emergencial tinha maior número de beneficiários e de valores pagos. “De lá para cá tem o efeito da inflação que corroeu o poder de compra dos beneficiários, e é maior ainda para quem precisa do auxílio porque pesa mais sobre os itens que eles mais consomem, que são os alimentos”, salienta.
Impacto do Auxílio Brasil chega a 34% do PIB dos municípios
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- 29/06/2022
Fonte: G1
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