Ministérios apontam para afronta à separação entre os poderes e risco de cooptação política. Projeto prevê que deputados e senadores assumam embaixadas sem perda do mandato. O avanço de uma proposta que autoriza deputados e senadores a assumirem embaixadas sem que tenham de abrir mão do mandato mobilizou o Itamaraty, a Casa Civil e a Consultoria do Senado a se manifestarem de maneira contrária à medida.Atualmente, a Constituição libera que parlamentares assumam, por exemplo, os cargos de ministro de Estado ou secretários estaduais sem perder o mandato.Também podem ser chefes de uma missão diplomática – contanto que seja temporária. A Proposta de Emenda à Constituição amplia a regra e permite que parlamentares também assumam uma embaixada de forma permanente.CCJ do Senado adia votação da PEC que autoriza parlamentares a assumir embaixadas sem perder o mandatoNesta quarta-feira (6), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado pegou parlamentares de “surpresa” ao incluir o tema na pauta de última hora. O autor do projeto é o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que também preside a comissão. A votação da proposta acabou adiada após pedidos de senadores de oposição e da base governista. Pouco antes do adiamento, o Ministério das Relações Exteriores publicou uma nota na qual afirma que a aprovação da PEC afetaria a cláusula pétrea da separação de poderes e a competência privativa do presidente da República. “Todo embaixador deve obediência ao presidente da República, por intermédio de seu principal assessor de política externa, o ministro das Relações Exteriores. Há exemplos de eminentes ex-parlamentares, indicados pelo presidente e aprovados pelo Senado, que desempenharam com brilho a responsabilidade de embaixador. Nesse caso, o ex-parlamentar é servidor do Poder Executivo Federal, subordinado ao Presidente da República”, ressalta o texto. No documento, o Itamaraty ainda pede um “saudável debate” com outros segmentos da sociedade e um processo deliberativo “ponderado e respeitoso” sobre o tema. Casa Civil vê incompatibilidadeEm ofício, a Casa Civil também vê afronta à separação dos poderes e afirma que a proposta incorre em incompatibilidade com o exercício da função diplomática. A Casa Civil pondera ainda que o texto leva a uma vulnerabilidade do regime de imunidades parlamentares - deputados e senadores têm, por exemplo, direito a foro privilegiado. “Considerando, principalmente, a incompatibilidade no exercício da função diplomática e a manutenção em harmonia do sistema de tripartição de poderes, sugere-se posição contrária à PEC", a Casa Civil. 'Cooptação política'Já a consultoria do Senado, em resposta a questionamento feito pelo senador Espiridião Amin (PP-SC), além de ressaltar a quebra do princípio da separação entre os poderes, aponta para o risco de que os cargos sejam utilizados para negociações políticas. O documento aponta que há quase 200 cargos, entre embaixadas, consulados e outras funções de representação no âmbito do Itamaraty, o que seria um “ativo político” qualificado que pode impactar o funcionamento do Congresso e comprometer a isenção na deliberação de matérias. “A investidura de parlamentares em cargos de chefia de missão diplomática permanente, assim como a investidura dos suplentes nos mandatos parlamentares, poderia caracterizar forma de cooptação política com vistas à adesão aos projetos e propostas do Poder Executivo”, afirma parecer da Consultoria do Senado. VÍDEOS: notícias de política
Itamaraty e Casa Civil se dizem contra liberar indicação de parlamentares para embaixadas
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- 16:55:23
- 06/07/2022
Fonte: G1
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