Líder rebelde no exílio retorna ao Chade para diálogo de paz

Líder rebelde no exílio retorna ao Chade para diálogo de paz
Timan Erdimi irá fazer parte das conversas de paz deste sábado entre líder e oposição do país africano. Timan Erdimi, líder da rebelde União das Forças de Resistência (UFR), depois de chegar em N'Djamena, Chade

AURELIE BAZZARA-KIBANGULA / AFP

Um importante líder rebelde do Chade, no exílio há vários anos, retornou nesta quinta-feira (18) a N'Djamena, dois dias antes de um diálogo nacional entre a oposição civil e armada e a junta que governa o país.

Líder da União das Forças da Resistência (UFR), Timan Erdimi, de 67 anos, morava no Catar há uma década, depois de tentar derrubar seu tio e ex-presidente Idriss Déby Itno em 2008 e depois em 2019.

Erdimi aterrissou às 8h10 (4h10 no horário de Brasília) no aeroporto internacional de N'Djamena, onde foi recebido por quase 50 familiares e simpatizantes.

"Estou muito feliz de voltar para casa após tantos anos no exílio", disse o rebelde de 67 anos.

Erdimi participará a partir de sábado no diálogo que deve resultar em eleições "livres e democráticas", assim como no retorno dos civis ao poder.

Timan Erdimi, líder da rebelde União das Forças de Resistência (UFR), depois de chegar em N'Djamena, Chade

AURELIE BAZZARA-KIBANGULA / AFP

O fórum foi anunciado pelo comandante da junta militar, o general Mahamat Idriss Deby, e acontece após a assinatura, em 8 de agosto, de um acordo com 40 grupos opositores para o início de um processo de paz.

O diálogo deve durar três semanas e reunirá 1.400 representantes do governo militar, da sociedade civil, de partidos da oposição, sindicatos e grupos rebeldes.

O novo governante assumiu o o poder no ano passado, depois que seu pai e presidente durante 30 anos morreu durante uma operação militar contra os rebeldes.

Pouco tempo

Timan Erdimi, líder da rebelde União das Forças de Resistência (UFR), depois de chegar em N'Djamena, Chade

AURELIE BAZZARA-KIBANGULA / AFP

A negociação de paz deveria ter começado em fevereiro, mas foi adiada em diversas ocasiões pelas divergências entre os grupos rebeldes sobre participar ou não no diálogo.

A UFR está entre os 40 grupos rebeldes que assinaram o acordo e decidiram prosseguir com o diálogo.

O grupo rebelde tentou derrubar o governo em 2008 e novamente em 2019, quando enviou uma coluna de guerrilheiros em 50 veículos a partir da Líbia e através do Sudão.

O avanço foi interrompido pelos bombardeios da aviação da França, aliada na força de segurança da região do Sahel a qual às autoridades do Chade pediram ajuda.

Imagem de arquivo mostra Idriss Déby Itno, do Chade

Régis Duvignau/Reuters

Entre os ausentes estão uma importante aliança política e dois dos principais grupos rebeldes, incluindo a Frente pela Alternância e Concórdia no Chade, responsáveis pela ofensiva na qual o ex-presidente Deby foi morto.

Seu filho e sucessor apresentou o diálogo como uma oportunidade de reconciliação em um país fraturado que abre as portas para eleições "livres e democráticas" dentro de 18 meses após a tomada do poder militar.

O vice-presidente do comitê organizador e ex-opositor de Deby pai, Saleh Kebzabo, disse que essa negociação deve facilitar uma nova Constituição que será submetida a referendo.

Mapa mostra a localização do Chade

G1

No entanto, há grandes desafios, a começar pelos prazos. "O cronograma para o diálogo, que deveria ser de 21 dias, não é credível", disse Enric Picco, do International Crisis Group.

Além disso, o prazo de 18 meses proposto pela junta expira em outubro. "Não é possível chegar a um acordo em tão pouco tempo", acrescentou.