G1
Relatório da ONG Artigo 19 revelou que governo mexicano está por trás de grande parte dos casos de assédio a jornalistas. Este ano pode ser o mais violento já registrado para jornalistas no México, segundo um relatório publicado nesta terça-feira (18) pela organização de direitos humanos Artigo 19. Até agora, 18 profissionais da área foram assassinados — destes, 9 casos podem estar vinculados ao trabalho jornalístico das vítimas."O ano de 2022 pode ser o pior ano para a imprensa em um século", afirmou Leopoldo Maldonado diretor regional da ONG.Em pouco mais de oito meses, o número de mortos em 2022 já ultrapassou os 13 assassinatos registrados no ano passado, e os 14 registrados em 2020. A Artigo 19 apurou que as mortes estavam ligadas à profissão das vítimas em cerca de metade dos casos em 2021 e 2020, disse o diretor.A organização também documentou um total de 331 ataques contra jornalistas no primeiro semestre do ano, a maioria envolvendo casos de intimidação e assédio. Alguns também receberam ameaças, e alguns casos envolvem supostos usos abusivos do poder público.Isso marca um aumento de 51,83% em relação ao primeiro semestre de 2018, quando o ex-presidente Enrique Peña Nieto estava no poder.Além disso, a ONG disse que quatro jornalistas foram deslocados à força dentro do território mexicano, enquanto dois outros foram para o exílio no primeiro semestre do ano. "O papel que as autoridades têm na violência contra a imprensa reflete claramente uma violação das obrigações do Estado de garantir os direitos e a integridade dos jornalistas e da mídia", acrescentou o relatório.O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse repetidamente que seu governo não ataca a imprensa e que os assassinatos recentes foram cometidos por grupos criminosos.A artigo Artigo 19, entretanto, alega que o Estado está por trás da maioria dos ataques à imprensa, com 128 casos registrados no primeiro semestre. Esta é "uma tendência que tem sido consistente desde 2007", disse o grupo.