'Os currículos das universidades não dialogam competências trabalhadas no Ensino Médio', diz presidente da Abave

"Anos finais e ensino médio: como avançar sem perder de vista as mudanças necessárias no Ensino Superior"

'Os currículos das universidades não dialogam competências trabalhadas no Ensino Médio', diz presidente da Abave

SÃO PAULO - O novo ensino médio e sua relação com o ensino superior foram amplamente debatidos na Educa Week durante o painel "Anos finais e ensino médio: como avançar sem perder de vista as mudanças necessárias no Ensino Superior", que aconteceu hoje pela manhã na Unibes Cultural, em São Paulo.

Para Maria Helena Guimarães Castro, presidente da Abave (Associação Brasileira de Avaliação Educacional), uma das grandes questões é o desalinhamento entre a grade curricular dos últimos anos escolares e a jornada rumo à universidade. "Os currículos das universidades não dialogam com o que se espera das competências trabalhadas no Ensino Médio atualmente", disse Castro.

Esta mesma problemática também foi destacada por Rafael Araújo, coordenador do ensino médio do Colégio São Luís. "Infelizmente, as escolas não conseguem focar tanto em outras competências porque os vestibulares das grandes universidades ainda são muito conteudistas", disse Araújo. Ele destacou, também, que as habilidades mais importantes para um aluno do ensino médio são, justamente, a autonomia e a capacidade de pesquisa – que são estimuladas na nova configuração curricular. Ou seja, fica evidente que existe um avanço no ensino médio, mas não no ensino superior.

Uma das saídas possíveis, segundo os especialistas, seria o ensino médio em tempo integral, já que com o aumento da carga horária, é possível oferecer um ensino de mais qualidade. No mais, é de conhecimento geral que ao longo da graduação no ensino superior, os estudantes se deparam com a necessidade de fazer trabalhos acadêmicos. Estes trabalhos poderiam ser inseridos já na grade dos anos finais.

Por fim, Everson Ramos, diretor do Colégio Marista Arquidiocesano, chamou a atenção para que as escolas públicas sejam acompanhadas de perto no processo de implementação do novo ensino médio. Afinal, nestas instituiçoes existem sérios problemas de infraestrutura, além da precarização dos equipamentos e acesso à internet. "Sou um realista esperançoso. O novo ensino médio abre abismos, mas também muitas possibilidades. Os meninos da escola pública não podem ficar abandonados à sua própria sorte", disse Ramos.

Mais sobre a Educa Week 2022: o evento é considerado o maior movimento de transformação na Educação da América Latina. Em sua sétima edição, reúne as maiores autoridades da educação do Brasil e do mundo, durante sete dias. Para essa edição, o evento conta com um formato híbrido, trazendo de volta o contato presencial e uma programação completa. Além disso, o evento conta com a quinta edição do Prêmio Destaque Educação, que irá reconhecer os projetos pedagógicos que estão causando impacto positivo em escolas de todo o país. A Educa Week é uma realização do Educational Leaders (Grupo de Líderes Educacionais), em parceria com o Iteduc (Institute of Education and Technology) e a SD Student Travel. Correalização: de Isaac, Somos Educação, Red Baloon, FTD Educação, Faber Castell, ESPM e Wings. Apoio: Insper, Colégio Marista Arquidiocesano, Fundação Roberto Marinho, Vértice, Bandeirantes, Fundação Telefônica Vivo e iFly São Paulo. Para saber a programação completa, acesse: https://educaweek.com.br/