Maior ídolo do futebol da Argentina, Diego Maradona tinha origens croatas

Maior ídolo do futebol da Argentina, Diego Maradona tinha origens croatas
Craque era um dos mais de 250 mil argentinos que têm raízes na Croácia. Diego Maradona durante coletiva de imprensa em Marselha, França, fevereiro de 2009

AP Photo/Claude Paris

Nesta terça-feira (13), a Argentina enfrenta, pelas semifinais da Copa do Mundo do Catar, a Croácia, país que está presente na árvore genealógica do maior ídolo do futebol do país, Diego Maradona: o bisavô do craque nasceu na região em que hoje fica o país europeu.

"Dizem que meus antepassados viveram perto daqui. Vim ver se me deixaram alguma herança", brincou o próprio Maradona em uma visita à cidade de Novi Vinodolski, norte da Croácia, em 2005, quando visitou o país para participar de um jogo beneficente ao lado de grandes nomes croatas do tênis, como John McEnroe e Goran Ivanisevic, e do futebol, como Davor Suker e Zvonimir Boban.

Para chegar a esses antepassados, é preciso voltar à figura de Matej Karolic, nascido em 1847 na atual Croácia, então pertencente ao Império Austríaco.

Não se sabe ao certo o local exato em que o bisavô de Maradona nasceu. Parte das evidências aponta para a ilha de Korcula, no sul do país, como seu local de nascimento. No entanto, uma investigação recente da revista argentina "Caras" afirma que a certidão de batismo de Karolic aponta sua origem na cidade de Praputnjak, ao norte do território croata.

Aos 25 anos, Karolic emigrou para a Argentina e, quando chegou, teve seu nome alterado no registro para Mateo Cariolich. Instalado em Corrientes, casou-se com Trinidad Ferreyra em 1875 e dessa união nasceram oito filhos. A caçula, Salvadora, foi a avó materna de Diego Maradona.

Uma longa história migratória

O movimento migratório da Croácia para a Argentina está menos documentado do que os oriundos de Itália e Espanha, mas teve uma certa relevância.

Os registros e números são difíceis de estabelecer, já que a Croácia estava integrada a outras entidades como o Império Austro-Húngaro e a Iugoslávia, o que dificulta o rastreamento de dados. Ainda assim, estimativas do governo croata sobre sua diáspora apontam que cerca de 250 mil pessoas com raízes naquela região hoje vivem na Argentina.

O início do fluxo migratório entre os países é anterior à independência dos argentinos da Coroa Espanhola em 1816. Registros mostram a ocorrência de imigrações pontuais, como a do jesuíta Nikola Plantic, que lecionou na Universidade de Córdoba, já em meados do século 18.

Na segunda metade do século 19 e início do século 20, o fluxo migratório se acentuou, assim como no período entreguerras.

Além de Maradona, outros descendentes de croatas se destacam na história da Argentina. Este é o caso de Daniel Orsanic, capitão da equipe que conquistou a única Copa Davis do tênis argentino, em 2016, justamente sobre a Croácia, em Zagreb.