Turquia começa a prender empreiteiros responsáveis por prédios que colapsaram durante o terremoto

Turquia começa a prender empreiteiros responsáveis por prédios que colapsaram durante o terremoto
Mais de cem pessoas foram presas, de acordo com a mídia turca. Alguns dos prédios que caíram foram construídos sem cumprir as regulamentações implementadas após um desastre semelhante em 1999. Número de mortos após terremoto na Turquia e Síria chega a 25 mil

Na Turquia, mais de cem pessoas foram presas pela acusação de terem construído edifícios de má qualidade que colapsaram após o terremoto de 7,8 de magnitude, de acordo com reportagens publicadas neste sábado (11) na mídia do país.

O governo começou a deter empreiteiros em todo o país, que são acusados de serem em parte responsáveis por alguns dos colapsos de edifícios na Turquia. As prisões aconteceram em 10 províncias diferentes.

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O ministro de Justiça do país criou unidades de investigações de crimes ligados ao terremotos nessas províncias, de acordo com o jornal “The New York Times”.

O ministério também deu ordens para que promotores apresentem acusações criminais contra todos os “construtores e responsáveis” pelo colapso de construções que foram erguidas sem cumprir as regulamentações implementadas após um desastre semelhante em 1999.

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Reuters

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Críticas ao governo

Parte da população do país considera que o governo não está reagindo com a velocidade necessária após o terremoto de segunda-feira.

As prisões foram os primeiros passos do Estado turco para identificar e punir as pessoas que podem ter contribuído para a tragédia.

Mais de cem tremores

O terremoto de magnitude 7,8, sucedido por mais de cem tremores secundários no sul da Turquia e no noroeste da Síria, já é o sétimo desastre natural mais mortal deste século. A tragédia supera o terremoto e o tsunami que abalaram o Japão em 2011.

Neste sábado (11), o vice-presidente turco Fuat Oktay informou que 67 pessoas foram retiradas dos escombros na última 24 horas no país. Segundo ele, cerca de 80 mil estão recebendo atendimento hospitalar e 1,5 milhão está desabrigado.

No sul da Turquia, região do país mais atingida, 31 mil equipes de resgate se esforçam para resgatar sobreviventes, enquanto o número de feridos passa de 60 mil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 23 milhões de pessoas estejam “potencialmente expostas”. Dessas, 5 milhões estariam em situação de vulnerabilidade. A organização calcula que o número de mortos deve aumentar significativamente pela quantidade de prédios danificados, e diz que número pode chegar a 40 mil.

Dados sobre o terremoto

Até agora, estas são as principais informações sobre o terremoto:

O terremoto ocorreu na madrugada de segunda-feira (6) no povoado de Kahramanmaras, no sudoeste da Turquia, perto da fronteira com a Síria.

Cerca de 1.500 réplicas foram registradas após o primeiro tremor.

Milhares ainda estão desaparecidos, e mais de 70 mil ficaram feridos.

Mais de 70 países enviaram ajuda humanitária e equipes de resgate, que já chegaram aos dois países - a primeira equipe do Brasil embarcou nesta quinta.

O governo turco declarou estado de emergência por três meses em dez cidades.

O tremor durou cerca de um minuto e meio e teve um raio de alcance de 250 quilômetros, atingindo centenas de municípios.

O epicentro ocorreu a 10 quilômetros da superfície - profundidade considerada muito baixa e que explica, em parte, os efeitos devastadores.

O tremor também foi sentido em Israel, no Iraque, no Chipre e no Líbano. Não há registro de vítimas nesses países.

Foi o pior terremoto desde 1939 na região, muito propensa ao fenômeno por ser uma área de encontro de placas tectônicas.