Corte Penal Internacional deve abrir processos contra a Rússia por crimes de guerra, diz 'New York Times'

Corte Penal Internacional deve abrir processos contra a Rússia por crimes de guerra, diz 'New York Times'
Jornal afirma que Tribunal de Haia vai abrir dois processos, sobre suposto sequestro de menores por soldados russos e por ataques deliberados a infraestruturas civis. Mas reportagem diz ser difícil julgamento e prisões. Em uma das imagens mais marcantes da guerra, equipes de emergência e voluntários ucranianos carregam uma grávida ferida de uma maternidade danificada por um ataque aéreo em Mariupol, na Ucrânia. A mulher foi levada para outro hospital, mas não sobreviveu. O bebê também morreu

Evgeniy Maloletka/AP

A Corte Penal Internacional de Haia deve abrir processos contra a Rússia por crimes de guerra, afirmou nesta segunda-feira (12) o jornal "The New York Times".

Os processos, caso confirmados, serão o primeiro caso judicial internacional contra a Rúsisa desde o início da guerra, que completou um ano em 24 de fevereiro. Mas, segundo a própria reportagem, é pouco provável que o caso siga para um julgamento que de fato leve responsáveis à prisão.

No entanto, diplomatas ouvidos pela reportagem do jornal norte-americano afirmam ser possível que o presidente russo, Vladimir Putin, seja formalmente acusado, já que o Tribunal de Haia não reconhece a imunidade de chefes de Estdo.

Em reportagem citando fontes da Justiça a da Promotoria próximos ao caso, o jornal diz que o Tribunal de Haia pretende iniciar dois processos relacionados à guerra da Ucrânia e pode emitir mandados de prisão a "diversas pessoas", sem citar quais.

Os processos, ainda de acordo com o "The New York Times", serão os seguintes:

A acusação de que a Rússia sequestrou crianças e adolescentes ucranianos e os enviou a centros de "reeducação" em território russo - esta é uma denúncia que tem crescido ao longo dos últimos anos, feita por organizações que atuam na Ucrânia e pelo governo ucraniano. O próprio Kremlin já admitiu o envio dos jovens ucranianos à Rússia, mas alega tratar-se de órfãos.

A acusação de que as tropas de Moscou alvejaram deliberadamente infraestrutura civil na Ucrânia - nos últimos meses, diante do avanço das tropas ucranianas apoiadas por armas e tecnologia do Ocidente, a tática russa tem sido enviar mísseis diretamente a estações de distruibuição de energia e água em cidades estratégicas. A capital, Kiev, tem ficado às escuras constantemente por conta desses ataques. Moscou não se pronuncia sobre essa acusação.

Próximos passos

O jornal afirma que o promotor-chefe do caso, Karim Khan, deve apresentar as acusações a um painel de juízes da Corte de Haia, que decidirão se o caso será levado adiante ou se são necessárias mais provas.

À reportagem do "The New York Times", o Ministério Público afirmou que não vai comentar publicamente o caso.

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A guerra da Ucrânia completou um ano no fim de fevereiro, com a perspectiva de seguir se arrastando ao longo de 2023 e ameaças de Moscou de uma retomada de territórios. O governo russo também tem dado indícios de uma possível parceria com a China.

Kiev, por outro lado, tem se apoiado no envio de armas e equipamentos militares por países do Ocidente, com os tanques alemães Leopard 2, para conseguir expulsar as tropas russas, que controlam atualmente cerca de 20% do território ucraniano, no leste do país.