Primeiro presidente de esquerda da Colômbia completa um ano no poder sem avanço social e com suspeita de corrupção

Em 7 de julho do ano passado, Gustavo Petro se tornou o primeiro chefe de Estado eleito por um partido de esquerda na Colômbia.

Primeiro presidente de esquerda da Colômbia completa um ano no poder sem avanço social e com suspeita de corrupção

Em 7 de julho do ano passado, Gustavo Petro se tornou o primeiro chefe de Estado eleito por um partido de esquerda na Colômbia. No início do governo, ele tinha 56% de apoio popular. O discurso que lhe garantiu a vitória nas urnas destacava os direitos humanos, promessas de ampliar os colchões sociais e a diminuição de pautas liberalistas. Porém, pouco do que prometeu se tornou realidade até agora. Prova disso é que a popularidade dele caiu mais de 20 pontos percentuais em seis meses de mandato. Parte do descontentamento dos eleitores — e o que abasteceu a oposição com críticas — foi a retomada das relações diplomáticas plenas com a Venezuela e a reabertura das fronteiras, fechadas pelo presidente anterior, por causa das rusgas com o governo de Nicolás Maduro.

Petro conseguiu implementar na Colômbia o audacioso projeto de reforma tributária, que aumentou os impostos de grandes fortunas e reajustou tarifas aplicadas aos setores petroleiro e minerador. O presidente também conseguiu comprar cerca de 3 milhões de hectares de terra que estavam em poder dos pecuaristas majoritários da Colômbia. A aquisição dos lotes fazia parte do projeto de assentamento de ex-guerrilheiros, como previsto no acordo de paz de 2016 assinado com as Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a maior organização paramilitar das Américas, e com quem o exército travou uma sangrenta guerra civil que deixou mais de 450 mil mortos em cinco décadas. Aliás, semana passada, o presidente conseguiu um cessar-fogo de seis meses com o ELN, o Exército de Libertação Nacional — a segunda maior guerrilha da Colômbia, e que ficou de fora do tratado de paz de 2016. Como o país ainda tem uma célula paramilitar marxista em atividade, havia o risco de retomada do conflito. Agora, com o acordo de não-agressão até o final do ano, fica mais fácil o governo negociar a deposição total das armas. Embora tenha conquistado êxitos importantes no campo da segurança pública, Petro viu parte do seu gabinete renunciar, por discordar das reformas que ele ainda quer concretizar, principalmente na Saúde e na Previdência.

A perda de apoio se repetiu na Câmara no Senado. Por isso, as anunciadas reformas não saíram do papel. Só que, neste último mês, as questões de desentediamento políticos ficaram pequenas perto de escândalos que envolvem a família de Gustavo Petro. O irmão e o filho do presidente são investigados por arrecadar dinheiro de empresários — e até de narcotraficantes — com promessas de incluí-los em programas de governo. Petro exigiu o aprofundamento das investigações e tenta se afastar dos familiares. Embora o filho tenha dito em depoimento que o pai não sabia do esquema, as acusações afetaram o capital político do presidente. Duas pessoas do núcleo de confiança do presidente respondem por suspeitas de escutas ilegais. Os desdobramentos do caso levaram um dos investigados a prometer revelar supostas doações ilícitas à campanha. É fato que a administração federal colombiana, que completa um ano, se esforça para cumprir pelo menos parte das promessas feitas antes da eleição, como melhorar os índices de igualdade, tanto de gênero quanto sociais.