Mesmo proibida igreja faz culto com aglomeração e pessoas sem máscaras em Cruzeiro do Sul

No interior do Acre, evangélicos quebram os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19 e descumprindo decretos do governo do estado.

Mesmo proibida igreja faz culto com aglomeração e pessoas sem máscaras em Cruzeiro do Sul

Acre - Uma igreja realizou um culto com dezenas de pessoas aglomeradas e sem máscaras de proteção facial em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, quebrando os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19 e descumprindo decretos do governo do estado.

O evento ocorreu nesse domingo (11) na igreja Coluna de Fogo, no bairro João Alves. O pastor Egídio dos Santos disse que o culto começou às 19h e foi até as 21h30. Segundo ele, foram seguidas todas as determinações como uso obrigatório de máscara, álcool em gel e distanciamento. Mas não é bem isso que as fotos tiradas no momento da celebração mostram.

"É um pouco inevitável a gente abrir as portas da igreja e não vim pessoas. Nesse período que estamos vivendo muito difícil, momento de muita luta, pessoas necessitando muito de oração, de uma palavra. Então, automaticamente quando a gente abre as portas da igreja, o povo corre para receber uma palavra. Creio que uma oração em casa é diferente de uma oração no templo. O povo está sedento, o povo está carente. Estávamos usando máscara, álcool em gel, fazendo de tudo para o povo não ficar muito próximo, mas é inevitável não acontecer algumas coisas", disse o pastor.

No Acre, cultos, missas e outros encontros religiosos estão suspensos aos sábados, domingos e feriados, de acordo com decreto estadual, que suspendeu o funcionamento do comércio e demais serviços considerados não essenciais aos sábados, domingos e feriados.

Além de ir contra esse decreto e as orientações das autoridades de saúde sobre os cuidados durante a pandemia, a igreja também não levou em consideração o decreto de toque de restrição que está em validade em todo o Acre. Conforme o documento, está proibida circulação de pessoas no período das 19h às 5h aos fins de semana e feriados. Já durante a semana, o toque de recolher é das 22h às 5h.

Mesmo assim, o pastor garante que tem obedecido as determinações do governo do estado e da prefeitura da cidade. Segundo ele, falta informação clara do que realmente pode e o que não pode ser realizado durante a pandemia.

"Estamos obedecendo as ordens do governador e do prefeito da cidade. Só que no período estamos muito confusos, as notícias saem de última hora, a gente não tem aquele tempo de se preparar. Temos muitas coisas a fazer, pagar, se manter e também a necessidade de estar na obra. Eu dependo dela, eu vivo daqui. Falta mais informação, mais detalhes, porque a gente escuta um comentário, um decreto, mas não especificam o que tem que ser feito. Não só aqui, mas soube de outras igrejas que estavam realizando culto", afirmou Santos.

Impasse sobre abertura de igrejas

Em coletiva do Pacto Acre Sem Covid, no dia 5 deste mês, quando o Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 manteve todas as regionais do Acre em bandeira vermelha, o governo informou que iria seguir a decisão monocrática do ministro do STF e aumentar a capacidade de lotação das igrejas de 20% para 25%.

Dois dias depois, o governo alterou o decreto que determinou o fechamento do comércio e atividades não essenciais durante os feriados e fins de semana e liberou o funcionamento dos supermercados das 7h às 18h aos sábados, domingos e feriados em todo o estado. Em contrapartida, o governo aumentou o horário do toque de recolher.

No último dia 8, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que estados e municípios podem impor restrições a celebrações religiosas presenciais, como cultos e missas, em templos e igrejas durante a pandemia de Covid-19.

Cidades registram manifestações contra decisão do STF que autorizou estados e municípios a restringir cultos e missas presenciais

Por isso, na sexta (9), o governo do Acre disse, à Rede Amazônica, que a decisão do estado é que não haja abertura. Para uma nova determinação, as prefeituras devem arcar com as responsabilidades diante dos órgãos como MP e TJ.

Mesmo assim, o prefeito de Rio Branco optou por liberar a realização dos eventos religiosos presenciais durante os fins de semana e feriados com capacidade de 25% do público. Mas, após recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Acre (MP-AC), o prefeito Tião Bocalom tornou o decreto de liberação sem efeito.