CUBANOS QUE VIVEM NO AMAPÁ ADEREM A PROTESTO CONTRA GOVERNO DE SEU PAÍS

Nascidos em Cuba que vivem no Amapá se mobilizaram neste domingo (18) em Macapá em um ato manifestando apoio aos protestos populares que acontecem desde 11 de julho no país.

CUBANOS QUE VIVEM NO AMAPÁ ADEREM A PROTESTO CONTRA GOVERNO DE SEU PAÍS

MACAPÁ (Amapá) - Nascidos em Cuba que vivem no Amapá se mobilizaram neste domingo (18) em Macapá em um ato manifestando apoio aos protestos populares que acontecem desde 11 de julho no país. Eles acompanharam os gritos de "liberdade" e "abaixo a ditadura" iniciados na capital Havana e que se espalharam pela ilha.

A concentração na Parque do Forte, às margens do Rio Amazonas, aconteceu de forma pacífica. Os cubanos, a maioria médicos, familiares e apoiadores usaram camisas com as cores da bandeira do país e uma faixa pedindo liberdade.

Cubanos que vivem fora do país pedem principalmente o fim da limitação do retorno ao país e o restabelecimento dos serviços de comunicações, principalmente as redes sociais. Há o temor também pela violência na repressão aos atos.

"O povo decidiu sair às ruas em busca de liberdade, mas o presidente mandou reprimir as pessoas. Temos evidências de mortes de crianças, adolescentes, de 12, 13 anos, simplesmente por pedir liberdade, um futuro melhor", diz a médica Alicia Espinosa Lopes, que vive no Amapá.

O ato seguiu de forma pacífica e não teve a presença da Polícia Militar (PM). Alicia cobra ainda entidades internacionais, como a ONU e o governo dos Estados Unidos para intervir nas ações contra os atos.

"Estou aqui representando meu povo cubano que há 63 anos vive uma ditadura, onde não se podem manifestar ideias diferentes, porque são reprimidas. É um crime que está sendo cometido, queremos liberdade para o povo cubano. Temos várias famílias cubanas no Brasil, um país que nos acolheu e nos deixa pensar livremente", completou.

Para o também médico cubano Aime Noa, que vive há 7 anos no Brasil, as regras do regime do presidente Miguel Díaz-Canel impedem o retorno dele à Cuba para visitar a familiares. A dificuldade de comunicação é outro desafio.

"Profissionais que estão no exterior que querem buscar novos horizontes, novas oportunidades na vida, não podem voltar para Cuba. Estamos do lado do povo, apoiando para que tenham a liberdade, sabemos que há sentimentos que não podem ser expressados", completa o médico.

No país, vigora a Lei dos Oito Anos, onde todos os profissionais que decidam sair em missão para outros países não podem retornar à Cuba antes de oito anos. Para eles, funciona como uma espécie de castigo.

Por conta da Lei e do impedimento para voltarem, os cubanos no Brasil contam com a solidariedade de quem os recebe em outros países. O brasileiro Lúcio Silveira, militar aposentado e estudante de medicina, se juntou ao ato pelo convívio com cubanos no Amapá.

"Aqui no Brasil temos acolhido esses médicos cubanos. Eles não moram de forma digna, do jeito que eles estudaram. A gente vê o médico brasileiro, como é valorizado, enquanto o médico cubano vive de favor, em outras profissões, não podem trabalhar como médicos esperando Revalida e não podem voltar para Cuba", conta Silveira.