Democratas adiam votação de pacote de infraestrutura de Biden no Congresso dos EUA

Democratas adiam votação de pacote de infraestrutura de Biden no Congresso dos EUA
Pacote de US$ 1,2 trilhão (cerca de R$ 6,5 trilhões) é uma das principais promessas de campanha do presidente americano e uma das marcas que ele quer deixar em seu mandato. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa no State Dining Room, na Casa Branca, em 24 de setembro de 2021 em Washington

Patrick Semansky/AP

Deputados do próprio Partido Democrata, o mesmo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adiaram a votação no Congresso de um grande pacote de gastos em infraestrutura na quinta-feira (30).

O pacote de US$ 1,2 trilhão (cerca de R$ 6,5 trilhões) é uma das principais promessas de campanha de Biden e uma das marcas que o presidente americano quer deixar em seu mandato, mas se tornou uma guerra dentro do próprio partido (veja mais abaixo).

Momentos antes, Biden havia conquistado uma vitória no Congresso, com a aprovação no último momento da prorrogação orçamentária que evitou o "shutdown", uma paralisação parcial e temporária dos serviços públicos federais do país.

Por 254 votos a 175, a Câmara de Representantes aprovou lei enviada pelo Senado, que prorroga o orçamento atual até 3 de dezembro. Biden promulgou rapidamente o texto, para evitar o corte abrupto de recursos aos serviços federais que ocorreria a partir da meia-noite desta sexta-feira (1º).

"A aprovação desta lei nos recorda que a cooperação entre os partidos é possível", afirmou Biden. "Mas ainda restam coisas por fazer", completou o presidente, que enfrenta a ameaça de um histórico calote caso o Congresso não aumente o teto de endividamento do governo.

Nancy Pelosi, presidente da Câmara, assina a confirmação de que não haverá 'shutdown' no governo em foto de 30 de agosto de 2021

Elizabeth Frantz/Reuters

Votação do pacote adiada

Mas os democratas decidiram adiar por tempo indeterminado a votação do pacote de US$ 1,2 trilhão, que estava prevista para a noite de ontem. As negociações entre os democratas que controlam a Câmara de Representantes prosseguirão nesta sexta-feira (1º).

"Houve muitos progressos esta semana e estamos mais perto do que nunca de um acordo", minimizou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. "Mas ainda não chegamos lá, então vamos precisar de mais tempo".

A presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, havia se comprometido a organizar a votação ainda nesta semana com congressistas de centro, que estão ansiosos por aprovar o mais rápido possível o projeto — que é muito popular entre os eleitores.

Mas a ala à esquerda do partido prometeu frustrar a votação por não ter recebido um compromisso claro para a aprovação de um outro projeto, de gastos sociais.

Tempo limitado

O Congresso vive horas cruciais. Os legisladores agora precisam aumentar antes de 18 de outubro o teto de endividamento do país se quiserem evirar o primeiro default da história da maior potência econômica mundial.

"O tempo é limitado, o perigo é real", destacou Chuck Schumer nesta quinta-feira.

Os republicanos se recusam a suspender o limite de emissão da dívida, pois consideram que seria um cheque em branco para o governo Biden.

Por isso deixaram a decisão nas mãos dos democratas, que precisam apelar a seus próprios votos para aprovar a medida através de uma manobra parlamentar que pode levar tempo.

Mas Schumer assegura que "este caminho é arriscado demais" e destaca que a dúvida se acumulou sobretudo em governos anteriores.

Na quarta-feira, a Câmara de Representantes aprovou um texto que prevê suspender o teto da dívida até dezembro de 2022, mas sem o apoio republicano no Senado, a iniciativa nasceu morta.

Há muitas dúvidas sobre qual será a solução encontrada pelo Congresso.

Um manto de dívida paira sobre estes planos-chave do governo Biden, que implicam gastos estimados em torno de 5 trilhões de dólares.

A administração Biden já está tentando preparar a opinião pública para a eventualidade de um adiamento da adoção destes megaprojetos.

"Não é um grande cataclismo se a votação não acontecer hoje", havia declarado à CNN a secretária de Energia, Jennifer Granholm.

Mas aqui o tempo também se esgota: os democratas correm o risco de perder suas apertadas maiorias nas eleições parlamentares de 2022.