Presidente turco exige que embaixadores dos EUA, França e Alemanha sejam declarados 'personas non gratas'

Presidente turco exige que embaixadores dos EUA, França e Alemanha sejam declarados 'personas non gratas'
Ordem foi dada ao Ministério das Relações Exteriores após nações pedirem a libertação do filantropo Osman Kavala. Entre os países da lista estão os Estados Unidos, Alemanha e França. Tayyip Erdogan dá discurso ao seu partido em Ancara em 10 de outubro de 2019

Murat Kula/Presidência Turquia

O presidente turco, Tayyip Erdogan, disse no sábado (23) que ordenou ao Ministério das Relações Exteriores que declarasse 10 embaixadores - incluindo dos Estados Unidos, Alemanha e França - 'personas non gratas' por pedir a libertação do filantropo Osman Kavala.

O Ministério das Relações Exteriores convocou os embaixadores na terça-feira (19) para o que considerou uma declaração "irresponsável" pedindo uma resolução justa e rápida para o caso de Kavala.

Ainda na quinta-feira, Erodogan declarou ter dito ao ministro das Relações Exteriores que não o país pode se "dar ao luxo de hospedá-los".

O empresário turco está na prisão desde o final de 2017, sem condenação, acusado de financiar protestos em 2013 e de participar de um golpe fracassado em 2016, que ele nega.

Organizações de direitos humanos veem isso como um símbolo da repressão a qualquer oposição por parte do regime do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Em uma declaração conjunta em 18 de outubro, os embaixadores do Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Nova Zelândia e Estados Unidos pediram uma resolução justa e rápida para o caso de Kavala. Eles foram intimados pelo Ministério das Relações Exteriores, que considerou a declaração irresponsável.

"Dei a ordem necessária ao nosso ministro das Relações Exteriores e disse o que deve ser feito: esses 10 embaixadores devem ser declarados persona non grata de uma vez. Você resolverá isso imediatamente", disse Erdogan em um discurso para uma multidão em Eskisehir, no noroeste da Turquia.

Kavala foi absolvido no ano passado das acusações relacionadas aos protestos, mas a decisão foi anulada este ano e combinada com acusações em outro caso relacionado à tentativa de golpe. Grupos de direitos humanos dizem que seu caso é emblemático de uma repressão à dissidência sob Erdogan.