Apuração no Chile aponta para segundo turno entre candidatos da extrema-direita e da esquerda

Apuração no Chile aponta para segundo turno entre candidatos da extrema-direita e da esquerda
O advogado conservador José Antonio Kast lidera a disputa pela presidência seguido pelo deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric. O candidato da extrema direita, José Antonio Kast, e o da esqueda, Gabriel Boric, votam no primeiro turno das eleições presidenciais no Chile em 21 de novembro de 2021

Montagem g1/Fotos AP

O candidato de extrema-direita José Antonio Kast lidera as eleições presidenciais do Chile neste domingo (21) com 28% dos votos, seguido do nome da esquerda Gabriel Boric, com 24%.

Com 49,62% dos votos apurados, os dois devem disputar o segundo turno, que será realizado no dia 19 de dezembro (veja mais abaixo). Para vencer em primeiro turno, um deles precisaria ter superado 50% dos votos válidos.

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Franco Parisi, candidato de direita que passou toda a campanha nos Estados Unidos, onde vive, aparece em 3º lugar com 13,6% dos votos. Em quarto, está a senadora Yasna Provoste, candidata dos democratas-cristãos, com 12,36%. Em quinto lugar, com 11,96%, vem Sebastián Sichel, candidato do governo Piñera.

Foi a primeira eleição em 16 anos sem Sebastián Piñera e nem Michelle Bachelet como candidatos a presidente. Piñera é o atual presidente, mas enfrenta forte rejeição popular e acabou de escapar de um processo de impeachment. Bachelet é hoje alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.

No Chile, o voto não é obrigatório. Nas duas últimas grandes eleições, a participação não passou de 50% do total de eleitores. Em 2017, quando Piñera foi eleito, apenas 46% dos eleitores compareceram ao primeiro turno e 48% ao segundo.

Já neste domingo (21), um dia de primavera particularmente quente – com termômetros acima dos 30ºC –, foram registradas longas filas nos centros de votação de Santiago e cidades do norte e do sul do país.

Mesmo após o fechamento das seções às 18h (horário de Brasília), muitas pessoas ainda aguardavam para votar no pleito que inclui ainda escolhas para deputados, senadores e conselheiros regionais. São mais de 4.400 candidatos para 485 cargos eletivos.

Os jovens, protagonistas do plebiscito que decidiu em outubro de 2020 por 78% dos votos mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) – processo atualmente em curso – compareceram em grande número para votar, segundo a AFP.

Kast, o favorito de extrema direita

Em Santiago, José Antonio Kast, candidato pelo partido Republicano, acompanhado por sua mulher, Maria Pia Adriasola, cumprimenta apoiadores no comício de fechamento de sua campanha em 18 de novembro.

Ernesto Benavides/AFP

José Antonio Kast é um advogado conservador, tem 55 anos e representa a extrema direita. Depois de 20 anos de militância no partido ultraconservador União Democrata Independente (UDI), é um dos fundadores do partido Republicano e tenta manter o modelo neoliberal herdado da ditadura de Pinochet.

Ele promete impor "ordem, segurança e liberdade", além de diminuir a presença do Estado nas instituições, reduzir impostos, privatizar empresas estatais e eliminar o Ministério da Mulher e da Equidade de Gênero.

Contrário ao aborto, Kast já divulgou fake news sobre o tema. Em 2017, ele também disputou a eleição, mas ficou em quarto lugar, com 7,93% dos votos.

Boric: o candidato da esquerda

Em Valparaíso, Gabriel Boric, candidato da aliança de esquerda, fala no comício de encerramento de sua campanha em 18 de novembro.

Martin Bernetti/AFP

Gabriel Boric tem 35 anos (idade mínima para se candidatar à Presidência do Chile) e é o candidato da aliança de esquerda, que reúne o Partido Comunista e a Frente Ampla.

Em sua campanha, ele defendeu um modelo de Estado semelhante ao de bem-estar social de alguns países europeus. Também propôs a criação de uma aposentadoria mínima de 250 mil pesos (cerca de R$ 1,7 mil).

O sistema seria financiado pela contribuição dos trabalhadores em atividade. Os trabalhadores da ativa pagam 10% atualmente, e Boric diz que a ideia seria aumentar gradativamente essa contribuição até 18% (e que uma parte do encargo seria pago pelo empregador).

(Com informações da AFP)