Suíços derrotam negacionistas e dizem sim ao certificado de vacinação

Suíços derrotam negacionistas e dizem sim ao certificado de vacinação
Em segundo referendo sobre a Covid-19 no ano, população respalda restrições determinadas pelo governo para conter a pandemia. Policiais fecham cerca perto da Casa do Parlamento Suíço, em Bern, no domingo (28), antes da divulgação de resultado de referendo sobre exigência de certificado Covid

Fabrice Coffrini/AFP

Num país em que o compromisso é tradição, os assuntos mais controversos são decididos por consulta popular. Desta forma, os suíços respaldaram, em referendo neste domingo (28), a exigência do certificado Covid em bares, restaurantes e locais públicos, entre outras medidas determinadas pelo governo para conter a pandemia.

Mais de 62% apoiaram a legislação em vigor, na quarta votação federal com maior participação em quatro décadas de referendos, derrotando o movimento de oposição ao passaporte, que nos últimos meses fez barulho nas ruas.

Trata-se do segundo referendo sobre a pandemia neste ano. Em ambos, as regras para conter o vírus saíram vitoriosas e com margens parecidas. Os opositores argumentavam que a lei Covid discrimina os não vacinados, gera um apartheid de saúde e divide o país.

Apoiados pelos populistas do Partido do Povo Suíço (UDC), conseguiram as cem mil assinaturas necessárias para levar o tema a referendo, previsto pelo sistema de democracia direta que rege o país.

Maior força política, segundo as pesquisas, a legenda de extrema direita fomentou nas ruas manifestações semelhantes às que têm se repetido em países europeus, contra as restrições para conter a disseminação do novo coronavírus. Em algumas ocasiões, a polícia teve de intervir e aumentar a segurança de políticos que receberam ameaças de morte por defenderem a manutenção das regras.

A votação de domingo coincidiu com a chegada da variante ômicron na Europa e com o aumento semanal de 40 a 50% do número de casos no país. Dos 26 cantões, apenas dois, situados em áreas rurais conservadoras -- Schwyz e Appenzell Innerrhoden -- disseram não à legislação em vigor desde setembro.

“É a prova de que a democracia funciona”, resumiu o ministro do Interior, Alain Berset, lembrando que a Suíça é o único país do mundo em que a população pode votar sobre a gestão da pandemia.

Somente este ano, os eleitores já foram às urnas quatro vezes, para se manifestar em 13 consultas populares em temas que incluem o uso de pesticidas, casamento entre pessoas do mesmo sexo e uma lei sobre as emissões de gases do efeito estufa. No segundo referendo sobre a Covid-19, o bom senso e o medo falaram mais alto.