Colombiano leva 26 anos para encontrar assassino da filha, em BH, mas STF nega extradição

Colombiano leva 26 anos para encontrar assassino da filha, em BH, mas STF nega extradição
Caso transitou em julgado em novembro. Jaime Saade, condenado a 27 anos pelo crime na Colômbia, ficou preso por apenas nove meses no Brasil. Nancy Mestre foi estuprada e assassinada na Colômbia

Redes sociais/Reprodução

Em janeiro de 2020, o colombiano Jaime Henrique Saade Cormane foi preso em Belo Horizonte, 24 anos depois de ter sido condenado em seu país natal por ter estuprado e matado a namorada de 18 anos, Nancy Mariana.

Porém, ele ficou na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana da cidade, por apenas nove meses, pelo crime cometido no país natal.

Ele foi libertado depois de receber alvará de soltura com revogação da prisão preventiva, expedido pela Justiça Federal. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp).

O paradeiro de Jaime Saade, que fugiu depois de ser condenado a 27 anos de prisão, foi encontrado pelo pai de Nancy, Martín Mestre. Ele chegou a fazer cursos de investigação e pesquisar intensamente as redes sociais. Jaime havia mudado o nome para Henrique dos Santos Abdalla e era procurado pela Interpol. A partir das pistas recolhidas por Mestre, a polícia conseguiu prendê-lo.

Segundo o processo, Nancy foi baleada, após ter sido violentada. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu dias depois. O crime aconteceu em 1994, mas o julgamento só foi realizado dois anos depois. A defesa de Jaime chegou a dizer que Nancy se suicidou. Porém, a perícia descartou a alegação.

Extradição negada

Um pedido de extradição de Jaime para a Colômbia foi impetrado no Supremo Tribunal Federal. Ele foi negado em agosto de 2020. Em outubro deste ano, o caso transitou em julgado, ou seja, já não há possibilidade de recurso. Isso porque, segundo a legislação brasileira, o crime prescreveu.

Jaime ainda responde na Justiça Federal por falsidade ideológica e falsidade de documento público, já que usava nome falso. O g1 procurou o advogado do colombiano, mas, até a conclusão desta reportagem, não houve resposta.

Em carta aberta escrita ao STF, em março deste ano, Martín Mestre pedia que os juízes reconsiderassem sua decisão de negar a extradição de Jaime.

“No território brasileiro, capturou-se um assassino há um ano e pela decisão do Supremo do Brasil, Jaime Henrique Saade Cormane foi libertado. Peço ao máximo que estude a possibilidade de reconsiderar a decisão tomada e ordenar a captura de Saade Cormane para fins de extradição para a Colômbia, país onde cometeu o crime da minha filha Nancy Mariana Mestre Vargas”, disse Martín.

O g1 tentou entrar em contato com Martín Mestre, mas não houve retorno. Procuramos Jaime Saade, que também não respondeu às ligações.

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