Primeiro-ministro do Sudão renuncia em meio a crise aberta por golpe militar

Primeiro-ministro do Sudão renuncia em meio a crise aberta por golpe militar
Renúncia de Abdalla Hamdok ocorre menos de dois meses depois de ter sido reintegrado ao governo, após acordo político com militares. Golpe aconteceu em outubro. O primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, em Berlim, na Alemanha, em foto de 14 de fevereiro de 2020

Hannibal Hanschke/Reuters

O primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, renunciou ao cargo neste domingo (2), em meio a uma crise no país gerada por um golpe militar em outubro.

A renúncia ocorreu menos de dois meses depois de ser reintegrado como parte de um acordo político com os militares.

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Hamdok disse que uma mesa redonda era necessária para construir um novo acordo para a transição política do Sudão.

"Decidi devolver a responsabilidade e anunciar minha renúncia como primeiro-ministro e dar uma chance a outro homem ou mulher deste nobre país para ... ajudá-lo a passar pelo que restou do período de transição para um país civil democrático", disse Hamdok, durante um discurso em um canal de televisão do país.

O anúncio gera ainda mais incerteza sobre o futuro do Sudão, três anos depois um levante que levou à derrubada do antigo líder Omar al-Bashir.

Economista e ex-funcionário das Nações Unidas amplamente respeitado pela comunidade internacional, Hamdok tornou-se primeiro-ministro por meio de um acordo entre os militares e civis, após a queda de Bashir.

Demitido e colocado em prisão domiciliar pelos militares durante o golpe, em 25 de outubro, ele foi reintegrado em novembro.

Mas o acordo para o seu retorno foi denunciado por muitos na coalizão civil que o havia apoiado anteriormente e por manifestantes que continuaram a fazer manifestações em massa contra o regime militar.

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