Franceses vão às ruas para pedir que proteção do clima faça parte da Constituição

De acordo com os organizadores, 115.000 pessoas participaram de 163 passeatas em todo o país, entre elas 56.000 em Paris.

Franceses vão às ruas para pedir que proteção do clima faça parte da Constituição

Paris (França) - Milhares de pessoas se manifestaram neste domingo (9) em toda a França para pedir medidas mais ambiciosas do governo francês em matéria de ecologia e em defesa de um referendo para incluir a proteção do clima na Constituição.

De acordo com os organizadores, 115.000 pessoas participaram de 163 passeatas em todo o país, entre elas 56.000 em Paris. Manifestações foram organizadas também em Besançon, Chartres, Cherbourg, Lannion, Laval, Lille, Martigues, Nantes, Quimper, Saint-Brieux e Estrasburgo.

O presidente Emmanuel Macron se comprometeu, atendendo aos apelos da Convenção Cidadã pelo Clima (CCC), a enviar ao Parlamento uma proposta de modificação do artigo 1º da Constituição, votada através de um referendo. Mas diante da resistência do Senado – o texto deve ser votado nos mesmos termos pelas duas câmaras para poder ser submetido a referendo –, o presidente teria renunciado à consulta.

O Eliseu garante que a modificação constitucional não foi "de maneira nenhuma enterrada" sem, no entanto, citar o referendo. "O que eu garanto é que não haverá abandono", insistiu Macron neste domingo (9), durante uma viagem oficial à Estrasburgo.

Senado conservador

O texto a ser incluído na Constituição estipula que a França "garante a preservação do meio ambiente e da biodiversidade e a luta contra a crise climática." Mas o Senado francês, que tem uma maioria conservadora em matéria ambiental, rejeita a alteração, temendo que a preservação do meio ambiente tenha prioridade sobre outros princípios constitucionais.

Ecologistas, partidos de esquerda e sindicatos acreditam que esta seja uma nova manobra do executivo. Além da possível anulação do referendo, os manifestantes também denunciaram a falta de ambição da Lei sobre clima e resiliência, votada na terça-feira (4) no Parlamento.

O texto tinha o objetivo de representar as 149 propostas da CCC – um grupo de cidadãos comuns convocados por Emmanuel Macron após a crise dos coletes amarelos – para reduzir em 40% as emissões de gases do efeito estufa da França conjugando justiça social.