Justiça francesa envia Air France e Airbus a julgamento por acidente com voo 447 Rio-Paris

A decisão, exigida pela Procuradoria-Geral da República e pelos familiares das vítimas, invalida o a decisão de 2019 a favor da companhia aérea franco-holandesa e do fabricante europeu de aeronaves no encerramento das investigações.

Justiça francesa envia Air France e Airbus a julgamento por acidente com voo 447 Rio-Paris

França - O Tribunal de Apelações de Paris ordenou, nesta quarta-feira (12), que as empresas Air France e Airbus sejam julgadas por "homicídio culposo", devido responsabilidades indiretas no acidente de 2009, quando o voo 447 Rio-Paris caiu no mar e matou 228 pessoas.

A decisão, exigida pela Procuradoria-Geral da República e pelos familiares das vítimas, invalida o a decisão de 2019 a favor da companhia aérea franco-holandesa e do fabricante europeu de aeronaves no encerramento das investigações.

Segundo os especialistas, o elemento que desencadeou o acidente foi o congelamento dos sensores externos da aeronave — os tubos de pitot — que levaram ao fornecimento de dados errados de velocidade. O defeito desorientou os pilotos durante a travessia noturna do Atlântico, e o avião, um Airbus A330, caiu.

O pedido dos procuradores da França ampliou para a Airbus uma requisição já apresentada pela Promotoria de Paris, que acusava a Air France de cometer "negligência" ao não fornecer aos seus pilotos informação suficiente sobre como reagir em caso de anomalias nos sensores que controlam a velocidade dos aviões. Os investigadores citaram outros incidentes deste tipo nos meses anteriores à tragédia.

Disputa judicial

As duas empresas tinham sido acusadas em 2011 por homicídios culposos na queda do avião, mas, após quase uma década, os juízes que investigavam as causas do incidente rejeitaram as acusações contra as duas empresas.

Nessa primeira leitura, há quase dez anos, os magistrados alegaram que as investigações "não levaram à identificação de uma falha defeituosa por parte da Airbus, ou da Air France". Do outro lado, grupos de apoio às vítimas reclamaram contra essa decisão, que chamaram de "absurda e corporativista".