Saída se deu uma semana após divulgação de gravação na qual Ribeiro diz liberar verbas da pasta por indicação de dois pastores a pedido de Bolsonaro. Ele estava no cargo desde julho de 2020. O governo anunciou nesta segunda-feira (28), em edição extra do "Diário Oficial da União", a saída do cargo de Milton Ribeiro , quarto ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro a deixar o posto. Pastor presbiteriano e professor, Ribeiro estava desde julho do ano passado no comando do MEC e pediu exoneração nesta segunda após uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro.LEIA TAMBÉM:Veja lista: governo Bolsonaro já acumula quase 30 trocas de ministrosBlog da Natura Nery: leia a carta de demissão de Milton RibeiroBlog do Valdo Cruz: ministro saiu para evitar 'sangria' em ano eleitoral'Segundo informou pela manhã o blog de Valdo Cruz, antes da reunião, Bolsonaro já tinha sido convencido por aliados a remover o ministro em razão do desgaste político para o governo em um ano eleitoral.A saída de Milton Ribeiro se deu uma semana após revelação pelo jornal "Folha de S.Paulo" de uma gravação na qual o ministro diz repassar verbas do ministério para municípios indicados por dois pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.Os pastores a que o ministro se refere no áudio são Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos (Conimadb), e Arilton Moura, ligado à Assembleia de Deus.Eles não têm cargo no governo, mas nos últimos anos participaram de várias reuniões com autoridades e tiveram encontros com Bolsonaro.Milton Ribeiro afirmou que Bolsonaro não pediu atendimento preferencial aos pedidos dos pastores e negou favorecimento aos religiosos.Ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao lado do presidente Jair Bolsonaro em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Claúdio Reis/Estadão ConteúdoNa semana passada, o jornal "O Estado de S. Paulo" já havia publicado reportagem informando sobre a existência de um “gabinete paralelo” integrado por pastores no Ministério da Educação, com controle da agenda e da verba da pasta.A reportagem afirmava ainda que Gilmar Santos e Arilton Moura têm trânsito livre no ministério e atuam como lobistas.O episódio gerou reações no Congresso e no Judiciário.No Congresso, parlamentares disseram que a gravação indica favorecimento indevido aos pastores com verbas do Ministério da Educação. Integrantes da Frente Parlamentar Evangélica também cobraram esclarecimentos.A pedido da Procuradoria-Geral da República, a ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar o ministro.Um outro inquérito foi aberto, pela Polícia Federal, para apurar supostos repasses irregulares de verbas pelo Ministério da Educação.No Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apontou ao STF possíveis crimes de responsabilidade no episódio e pediu o afastamento imediato do ministro.Em requerimentos apresentados na Comissão de Educação do Senado, oposicionistas queriam a convocação de Ribeiro para prestar esclarecimentos aos senadores. A comissão acabou aprovando um convite, o que não torna o comparecimento obrigatório.ÁudioO áudio divulgado pelo jornal "Folha de S. Paulo" foi gravado durante reunião dos pastores com prefeitos na presença de Milton Ribeiro. "Porque a minha prioridade é atender primeiro aos municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", diz Ribeiro no áudio.Segundo o ministro afirma na gravação, “foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar". Ele sugere ainda uma contrapartida para esses repasses. "Então, o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas". De acordo com a reportagem da "Folha de S.Paulo", os recursos liberados por Ribeiro a municípios indicados pelos pastores são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).Quem é Milton Ribeiro Milton Ribeiro, 64 anos, é natural de Santos, no litoral de São Paulo. Ele é teólogo, pastor da Igreja Presbiteriana, advogado e tem doutorado em Educação.Segundo o currículo na Plataforma Lattes, mantida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ribeiro é graduado em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em direito constitucional pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, instituição na qual foi vice-reitor. Antes de ser ministro, Ribeiro foi nomeado em 2019 por Bolsonaro para a Comissão de Ética Pública ligada à Presidência da República, cuja função é avaliar condutas de ministros e servidores do governo. A gestão de Ribeiro se alinhou às concepções conservadoras de Bolsonaro e dos apoiadores dele em relação a costumes. A trajetória dele no ministério também foi marcada por críticas e polêmicas provocadas por declarações.Ribeiro chegou a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crime de homofobia ao relacionar, em entrevista em 2020, a homossexualidade a "famílias desajustadas" e dizer que havia adolescentes "optando por ser gays".No ano passado, em entrevista à emissora oficial TV Brasil, o ministro defendeu que o acesso a universidades "seja para poucos".
Governo oficializa saída de Milton Ribeiro, quarto ministro da Educação de Bolsonaro
- INTERNACIONAL
- Real Radio Tv Brasil
- 17:06:25
- 28/03/2022
Fonte: G1
Comunicar erro
Mais sobre INTERNACIONAL
Premiê da Eslováquia tem estado grave após tentativa de assassinato
18/05/2024 às 16:11:09
Brasil comemora retirada de Cuba da lista dos EUA sobre terrorismo
17/05/2024 às 14:38:54
Juíza adia julgamento de Trump sobre arquivos sigilosos por tempo indeterminado
07/05/2024 às 19:53:50
Leia também
Frente fria vai provocar muita chuva nos próximos dias; veja onde e quando
18/05/2024 às 16:11:28
Need for Speed Underground ganha remake grátis em 4K e 60fps
18/05/2024 às 16:11:12