Em discurso no Planalto, Bolsonaro defende ditadores militares e deputado réu por atos antidemocráticos

Presidente elogiou obras dos presidentes militares, mas omitiu censura, torturas e assassinatos da ditadura. Bolsonaro voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal. Em um discurso no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro defendeu os presidentes da ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985. Bolsonaro não fez menção à censura, às torturas e às mortes cometidas pelo regime. Ele também defendeu o deputado Daniel Silveira, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por participar de atos antidemocráticos e ataques às instituições.

Bolsonaro falou durante evento de despedida de nove ministros que vão deixar o governo para disputar as eleições em outubro.

O presidente começou o seu discurso lembrando que nesta quinta é aniversário do golpe militar de 1964. Bolsonaro, ao contrário do que registra a história, afirmou que não houve golpe.

"Hoje, 31 de março. O que aconteceu em 31? Nada. A história não registra nenhum presidente da República tendo perdido o seu mandato nesse dia. Por que então a mentira? A quem ela se presta?", começou o presidente.

Depois, omitindo a violência do regime e a cassação de direitos individuais, disse que, na época, todos tinham direito de ir e vir. Nesse momento, ele se dirigiu a Silveira, que estava na primeira fila da plateia, ao lado de ministros.

Desde terça-feira (29), o deputado desobedece a uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que manda o parlamentar colocar tornozeleira eletrônica. A decisão de Moraes se baseia em um pedido da Procuradoria-Geral da República. De acordo com o ministro, o deputado vem desobedecendo medidas restritivas impostas pelo Justiça, por isso deve usar a tornozeleira.

"Todos aqui tinham direito, deputado Daniel Silveira, de ir e vir, de sair do Brasil, de trabalhar, de constituir família, de estudar, como muitos aqui estudaram naquela época", continuou Bolsonaro.

“Quem esteve no governo naquela época fez a sua parte. O que seria do Brasil sem obras do governo militar? Não seria nada, seríamos uma republiqueta”, completou.