Biden anuncia nova ajuda militar de US$ 800 milhões à Ucrânia

Biden anuncia nova ajuda militar de US$ 800 milhões à Ucrânia
Decisão foi divulgada durante entrevista após cúpula da Otan. Ajuda militar inclui defesa antiaérea, artilharia e outros equipamentos. Presidente americano, Joe Biden, durante entrevista após a Cúpula da Otan

Jonathan Ernst/REUTERS

No último dia da cúpula da Otan, em Madri, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o envio à Ucrânia de uma ajuda militar de "mais de US$ 800 milhões" em defesa antiaérea, artilharia e outros equipamentos. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (30) e o pacote será detalhado "nos próximos dias", de acordo com o chefe da Casa Branca. No encerramento do evento na Espanha, o presidente francês, Emmanuel Macron, saudou a adoção de um novo conceito estratégico da Aliança do Atlântico Norte.

Este "documento fundamental", aos olhos do presidente francês, "reconhece o novo ambiente de segurança criado pela agressão da Rússia contra a Ucrânia" e "consagra, também, a cooperação estruturante entre a União Europeia e a Otan", disse Macron na coletiva de imprensa ao final da cúpula.

“A Otan não está em guerra e a Rússia é a única responsável pelo conflito na Ucrânia, bem como pelas graves consequências que impõe ao mundo inteiro”, acrescentou o presidente francês.

Bandeiras dos países membros da Otan hasteadas do lado de fora da sede de Bruxelas

Olivier Matthys/Associated Press

"A Ucrânia não faz parte da Otan, mas a luta que ela trava para se defender é nossa" e ela se beneficiará, portanto, do apoio da Aliança "o tempo que for preciso", continuou Emmanuel Macron.

China critica Otan

Em seu documento intitulado "Conceito Estratégico" e que não era revisto desde 2010, a Otan afirmou que a China representa um "desafio" para os interesses e a segurança dos países da Aliança. "As ambições declaradas e as políticas coercitivas da República Popular da China desafiam nossos interesses, segurança e valores", aponta o documento da Otan.

Bandeira da China hasteada do lado de fora em uma rua de Hong Kong

Paul Yeung/REUTERS

Esta foi a primeira vez que o texto fez referência à China, que não era tradicionalmente mencionada na missão da Otan. Uma prova da crescente preocupação com a China foi a participação no encontro de cúpula, pela primeira vez, de funcionários dos governos do Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. "A China não é um adversário", insistiu, no entanto, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Porém, como era esperado, o documento foi criticado por Pequim. "Este suposto documento de Conceito Estratégico da Otan ignora a realidade e apresenta os fatos ao contrário. Se esforça (...) para difamar a política externa da China", disse Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores. "Tem a obstinação equivocada de apresentar a China como um desafio sistêmico", completou o porta-voz, que expressou a "firme oposição" de seu país ao documento da Otan.

A Otan denuncia "o aprofundamento da parceria estratégica entre China e Rússia e suas tentativas de minar a ordem internacional". As potências ocidentais alertaram diversas vezes Pequim contra qualquer apoio à Rússia na guerra contra a Ucrânia, que a China não condenou.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro online com países do BRICS

Sputnik/Mikhail Metzel/Kremlin via REUTERS

Por sua vez, a China critica a Otan como uma organização militar hostil, a serviço dos interesses dos Estados Unidos.

"Na realidade, a Otan é que constitui um verdadeiro desafio sistêmico para a paz e a estabilidade mundiais", observou o porta-voz chinês Zhao Lijian. "As mãos da Otan estão manchadas de sangue, dos povos do mundo", destacou Lijian, em referência às intervenções da Aliança no Afeganistão, na Líbia ou ao bombardeio da embaixada da China na Sérvia, em 1999, que matou três jornalistas chineses, manchando a reputação da Otan no país asiático.

Alemanha rebate críticas de PutinO chanceler alemão, Olaf Scholz, classificou nesta quinta-feira como "ridícula" a acusação do presidente russo, Vladimir Putin, que estimou, na noite de quarta-feira (29), que a Otan tinha "ambições imperialistas". "Honestamente, é bastante ridículo. A Otan é uma aliança defensiva. Não é uma ameaça para ninguém", disse Scholz em entrevista coletiva após a cúpula da Otan, em Madri.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversa com jornalistas em Ashgabat, no Turcomenistão

Sputnik/Dmitry Azarov/Pool via REUTERS

Durante uma visita a Ashkhabad, capital do Turcomenistão, Vladimir Putin havia denunciado, na véspera, que "os principais países da Otan desejam afirmar a sua hegemonia, suas ambições imperiais". "O apelo para que a Ucrânia continue lutando e recuse as negociações apenas confirma nossa suposição de que a Ucrânia e o bem do povo ucraniano não é o objetivo do Ocidente e da Otan, mas uma forma de defender seus próprios interesses", acrescentou Putin.

"Foi Putin quem fez do imperialismo o objetivo de sua política" ao dizer que "os países vizinhos" da Rússia eram "parte de seu país", acrescentou o chanceler alemão. "Isto é imperialismo e não pode ser chamado de outra forma", concluiu Scholz.