Abiove reforça lobby pelo B13 diante de 'turbilhão' de mudanças em biodiesel

Abiove reforça lobby pelo B13 diante de 'turbilhão' de mudanças em biodiesel

As mudanças ocorrem ainda em momento em que a Petrobras está deixando de ser monopolista no refino

Não é apenas uma redução temporária na mistura de biodiesel no diesel, de 13% para 10%, que assusta a indústria de soja e do biocombustível, avaliou hoje (20) a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que vê seu lobby sendo reforçado junto ao governo com novos integrantes de uma frente parlamentar do setor.

O que também gera preocupação com a mudança na mistura – que corre o risco de ficar “temporária” por mais tempo, enquanto os preços da principal matéria-prima, o óleo de soja, deixam mais altos os valores do biodiesel que os do diesel – é que ela acontece em um momento de transição, com o fim dos leilões públicos de compra do produto previsto para 2022 e impactos na tributação e custos.

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“Agora acho que vamos ter uma agenda estruturada”, disse o presidente da Abiove, André Nassar, em referência à nova diretoria da FPBio (Frente Parlamentar Mista do Biodiesel). “Mas é um turbilhão, é o B10, tem a mudança no sistema de comercialização, isso muda a tributação, são muitas as mudanças que vão ocorrer todas ao mesmo tempo”, afirmou ele à Reuters.

“Ainda mais com o setor vindo de momento ruim, porque está vindo de B10.”

Segundo o dirigente da Abiove, se o B10 for mantido e mudar o sistema de comercialização e, consequentemente, o de tributação, o setor terá “sérios problemas”.

“Vamos assistir o efeito dominó que vimos no etanol, várias empresas com problemas financeiros, e aí quando as empresas têm problemas financeiros, muda o setor”, afirmou ele, em referência a um período no passado em que usinas de etanol amargaram prejuízos em função de um controle de preços da gasolina pela Petrobras.

A mudança na tributação, afirmou ele, implicará em acúmulos de créditos nas usinas, que não terão como repassá-los aos preços. “Isso significa aumento de 10% no custo, imagina o prejuízo financeiro, até elas conseguirem repassar, nem todo mundo vai ter caixa para suportar”.

As mudanças ocorrem ainda em momento em que a Petrobras está deixando de ser monopolista no refino, o que deve atrair players privados ávidos por comercializar seu diesel, e diante de uma série de ataques feitos por diversos setores de revendas e distribuidoras de combustíveis, apontando problemas na qualidade do biocombustível, o que a Abiove nega.

Volta do B13

Nassar disse que a Abiove trabalha para que o B13 volte ainda este ano, após o governo reduzir a mistura para 10% nos leilões que comercializam o biodiesel para os bimestres maio e junho, e julho e agosto.

Ele disse que a associação e a FPBio trabalharão para mostrar ao governo que a redução da mistura é neutra para os preços do óleo de soja, que responde por mais de 70% da matéria-prima do biodiesel.

“O preço é formado em Chicago (na bolsa), o governo não está pensando nisso, ele está pensando no preço do diesel, como o biodiesel está mais caro que o diesel… já explicamos para o governo que pode jogar pra B0 que não vai mudar o preço do óleo.”

“Estamos em um trabalho de mostrar para o governo que ele não pode cristalizar esta visão… O patamar de preço de diesel ele não tem como controlar, o petróleo pode voltar a US$ 120 o barril, como ele vai fazer?. Pode ter um cenário de preço futuro do biodiesel caindo, e o preço do petróleo subindo. Aí vai fazer o quê? Vai avançar em cima do B15?”

Questionado, Nassar admitiu que o setor tem ampliado exportações de óleo de soja, enquanto vigora uma mistura de biodiesel menor, mas disse que a indústria é integrada e acaba sofrendo perdas.

Na véspera, a associação elevou as expectativas de exportação do grão e do óleo de soja do Brasil em 2021, após o país ter reduzido a mistura de biodiesel no diesel. (Com Reuters)


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