Eleições: perspectivas para a disputa presidencial e impactos no agro

Eleições: perspectivas para a disputa presidencial e impactos no agro

Começou oficialmente nesta semana o período permitido para a exibição de propagandas eleitorais nos veículos de comunicação. As eleições começam a ganhar maior destaque a partir de agora e o foco do agronegócio estará tanto nos desdobramentos da disputa como nas propostas de cada candidato à Presidência. Durante o programa deste sábado, 20, a jornalista Kellen Severo abordou o tema com Paulo Polzonoff, que é colunista da “Gazeta do Povo”, e com o comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo.

Polzonoff revela que há no setor agropecuário grande receio sobre uma radicalização do discurso do ex-presidente Lula. Entre os temas que ele destaca como de alta relevância estão a intervenção econômica e a corrupção — que segundo Polzonoff está ligado com a área de infraestrutura e a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Já Figueiredo acrescenta ao debate uma tendência de radicalização do ambientalismo, que tomou conta de governos de esquerda ao redor do mundo, e da agenda ESG. Segundo ele, essa linha de atuação pode afetar o governo petista caso seja eleito.

Aproximação entre China e Rússia

O aumento da tensão entre China e Estados Unidos é monitorado pelo agronegócio brasileiro. Após a ida da presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, congressistas dos EUA também visitaram Taiwan e escalaram o impasse entre os dois países. O pesquisador do centro de agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Felippe Serigatti, revela que, devido ao conflito, haverá algum tipo de resposta por parte do governo chinês. Porém, ele destaca que é possível que essa reação dos asiáticos não aconteça no curto prazo, já que eles possuem a impulsividade como característica.

Sobre o agronegócio, há dúvidas sobre a tensão beneficiar o comércio de soja do Brasil com a China, como aconteceu durante a guerra comercial entre chineses e norte-americanos. Serigatti indica que, na última ocasião, os asiáticos deixaram de comprar a oleaginosa dos EUA porque tal medida iria afetar uma importante parte do eleitorado de Donald Trump, presidente na época, que eram os produtores rurais. Já com Joe Biden no comando, há dúvidas sobre a decisão que a China tomará.

Fertilizantes

O aumento no preço do gás natural na Europa está inviabilizando a produção de fertilizantes nitrogenados. A consultoria StoneX revela que, desde 2021, o preço do gás já subiu sete vezes. Cerca de 60% capacidade produtiva das indústrias europeias do produto está ociosa. Para o agronegócio brasileiro, o head de fertilizantes da empresa, Marcelo Mello, indica que não há temores em relação a um desabastecimento para a safra verão ou segunda safra. Porém, o agricultor terá que lidar com o impacto direto previsto nos preços do insumo no mundo.

Carne bovina e demanda chinesa

A notícia divulgada pela imprensa chinesa nesta semana de que o país poderia suspender as compras de carne bovina da Austrália e da Nova Zelândia deixou os pecuaristas brasileiros em alerta sobre eventuais oportunidades no comércio internacional. O jornal “Australian Financial Review” citou uma reportagem da China que indicava possível embargo ao produto australiano e neozelandês devido ao alto risco de febre aftosa no rebanho. Isso porque a Indonésia, país vizinho, confirmou o surto da doença. Porém, ambos os países revelaram que não receberam notificação oficial por parte dos chineses.

Para a consultoria Agrifatto, há uma questão política importante entre a China e a Austrália que deve ser monitorada pelo agro brasileiro. A CEO da empresa, Lygia Pimentel, revela que o governo australiano já se posicionou parcialmente favorável à Taiwan e que essa pauta aliada ao conflito geopolítico com os Estados Unidos também sobre Taiwan deve manter a demanda chinesa pelo produto brasileiro aquecida. Além disso, a entrada dos norte-americanos no ciclo e alta da pecuária também deve tornar a carne do país mais cara e favorecer o Brasil.