Trabalhadores do maior porto de cargas britânico fazem greve de 8 dias por conta da inflação recorde no país

Trabalhadores do maior porto de cargas britânico fazem greve de 8 dias por conta da inflação recorde no país
É o episódio mais recente de uma onda de paralisações em vários setores da economia britânica para exigir salários mais altos, diante da alta de 10% nos preços em 12 meses. Pessoas relaxam na costa, ao lado do maior porto de contêineres do Reino Unido, Felixstowe. REUTERS/Toby Melville

REUTERS/Toby Melville

Começou neste domingo (21), no Reino Unido, uma greve que vai durar oito dias em Felixstowe, o maior porto de cargas do país. É o episódio mais recente de uma onda de paralisações em vários setores da economia britânica para exigir salários mais altos, diante da inflação recorde de 10%.

Esta é a primeira paralisação desde 1989 neste porto do leste da Inglaterra, que movimenta cerca de 4 milhões de contêineres por ano. De acordo com o sindicato que convocou a greve em Felixstowe, a paralisação terá um forte impacto no porto, por onde transitam cerca de 2 mil cargueiros anualmente.

Cerca de 1.900 membros do sindicato Unite, entre operadores de guindastes e máquinas, além de estivadores, deixaram o trabalho para exigir uma reposição salarial.

A empresa, por sua vez, diz ter proposto um aumento salarial que lhe parece "justo", de 8% em média, e cerca de 10% para os salários mais baixos. A autoridade portuária disse que "lamenta o impacto desta ação nas cadeias de distribuição britânicas" e que está trabalhando com seus clientes "para limitar a interrupção".

O operador do porto especificou que um plano de emergência seria implementado no local e que se esforçaria para minimizar as consequências do movimento grevista, que vai durar até 29 de agosto.

Segundo analistas, a greve de Felixstowe e as paralisações registradas esta semana nos transportes públicos, no metrô de Londres ou nos correios constituem um movimento social que pode ultrapassar o verão e se estender à educação e à saúde, atividades cujos sindicatos classificam as ofertas de reposição salarial como "miseráveis".

A inflação no Reino Unido subiu mais do que era esperado e atingiu o maior patamar dos últimos 40 anos

Inflação britânica

A inflação atingiu 10,1% em julho em relação ao mesmo período do ano passado, e pode ultrapassar 13% em outubro, o nível mais alto para um país do G7.

O Banco da Inglaterra (BoE) está recebendo críticas do governo, de economistas e de ex-líderes da instituição, que o acusam de ter permitido essa situação.

A pressão inflacionária tem provocado uma série de movimentos grevistas. Os protestos, que envolvem dezenas de milhares de trabalhadores, começaram em junho e representam os maiores dos últimos 30 anos.

A gigante de telecomunicações BT enfrentará a sua primeira greve em décadas, assim como os funcionários da Amazon e o setor de coleta de lixo.

Os preços dispararam no Reino Unido principalmente devido ao aumento do gás, produto do qual o país é altamente dependente e que ficou mais caro devido à guerra na Ucrânia.

* Com informações da AFP e RFI