Míssil que matou 2 pessoas na Polônia pode ter sido disparado pela Ucrânia, diz agência

Míssil que matou 2 pessoas na Polônia pode ter sido disparado pela Ucrânia, diz agência
Três oficiais dos EUA disseram que projétil seria de forças ucranianas que reagiram a ataques russos. Polícia isola área onde explosão aconteceu na Polônia

Kacper Pempel/Reuters

Três oficiais americanos disseram que avaliações preliminares sugerem que o míssil que matou duas pessoas na Polônia tenha sido disparado por forças ucranianas que tentavam reagir aos ataques russos contra a infraestrutura de eletricidade que deixou Kiev no escuro. As informações foram dadas em condição de anonimato para a Associated Press.

Mais cedo, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a probabilidade de autoria russa já era contestada.

"Existe uma informação preliminar que contesta isso. Eu não quero afirmar isso antes de a investigação ser concluída, mas pela trajetória do míssil é pouco provável que ele tenha sido disparado da Rússia", disse ele.

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O presidente dos EUA falou com a imprensa após uma reunião de emergência com líderes do G20 em Bali, na Indonésia.

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"Nós concordamos em ajudar a investigação polonesa sobre a explosão perto da fronteira com a Ucrânia. Nós vamos tomar uma decisão coletiva sobre quais serão os próximos passos ao fim da investigação", afirmou Biden.

Apesar de levantar a hipótese de o disparo contra a Polônia não ter sido feito pela Rússia, o presidente americano voltou a criticar o país por escalar as tensões na Ucrânia com vários ataques nesta terça. "Eles atacaram enquanto nós estávamos reunidos", disse.

O chefe da missão permanente da Rússia na Onu diz que o incidente é uma tentativa de colocar a Otan em confronto direto com a Rússia.

"Existe uma tentativa de provocar um confronto militar entre a Otan e a Rússia, com todas as consequências para o mundo", escreveu Dmitry Polyansky em seu canal do Telegram.

Otan vai fazer reunião de emergência para discutir explosão na Polônia

O secretário geral da Otan, Jens Stoltenberg, convocou para a manhã desta quarta-feira (16) uma reunião de emergência para discutir a explosão que deixou dois mortos na Polônia perto da fronteira da Ucrânia.

A Polônia é um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar formada em 1949 e que hoje conta com 30 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e França.

Os membros concordam em ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado membro. Na prática, um ataque a um país da Otan é considerado um ataque a todos os outros integrantes da aliança.

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O que diz a Polônia

O chefe do Escritório de Segurança Nacional da Polônia, Jacek Siewiera, disse que o presidente da Polônia conversou com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, sobre a queda do míssil.

"Verificamos as premissas do Artigo 4 da Otan. Estamos em contato com nossos aliados e esperamos conversas com o lado americano", declarou Siewiera.

A Polônia ainda pediu explicações sobre o caso ao embaixador da Rússia em Varsóvia.

O que diz a Rússia

Antes de a Polônia afirmar que seu território foi sido atingido por um míssil russo, o Ministério da Defesa da Rússia negou a alegação, que classificou como "uma provocação deliberada com o objetivo de agravar a situação".

Em comunicado, o governo russo afirmou que "nenhum ataque a alvos perto da fronteira entre Ucrânia e Polônia foi feito por meios de destruição russos".

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não tem informações sobre o incidente.

A informação sobre a queda de mísseis russos foi revelada por um alto funcionário da inteligência dos Estados Unidos, que falou à Associated Press em condição de anonimato.

Inicialmente, o Pentágono afirmou que não era possível confirmar a informação de que mísseis russos atingiram a Polônia. "Não temos nenhuma informação neste momento para corroborar esses relatos e estamos investigando isso mais a fundo", disse o porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder.

O presidente da Ucrânia Volodymir Zelensky acusou a Rússia de ter atacado a Ucrânia.

"Quanto mais a Rússia sentir impunidade, mais ameaças haverá para qualquer um ao alcance dos mísseis russos. Disparar mísseis conta o território da Otan. Este é um ataque de mísseis russos contra a segurança coletiva. Esta é uma escalada muito significativa. Devemos agir", afirmou Zelensky.

Reação de países da Otan

Após a confirmação sobre a explosão, a Otan afirmou que está em contato com a Polônia. "Estamos analisando estes relatos ligados à explosão na Polônia e em coordenação próxima com nossa aliada Polônia", disse a aliança em comunicado.

O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Vedant Patel, disse que os relatos sobre a Polônia são preocupantes. "Estamos trabalhando com nossos parceiros do governo polonês e nossos parceiros da Otan para obter mais informações e avaliar o que aconteceu. Faremos essa determinação e também determinaremos as próximas etapas apropriadas", afirmou.

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu por "trabalhos de verificação necessários" e afirmou que a reunião do G20 na quarta-feira (16) será importante para aumentar a atenção com a guerra na Ucrânia.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, por sua vez, afirmou que o governo britânico está "investigando com urgência relatos de mísseis caindo na Polônia". Ele também afirmou que está em contato com a OTAN e com o governo polonês.