Presidente do Peru diz que irá propor lei para adiantar eleições para 2023 caso projeto não passe pelo Congresso

Presidente do Peru diz que irá propor lei para adiantar eleições para 2023 caso projeto não passe pelo Congresso
País enfrenta instabilidade política desde o fim de 2022. Quase 60 pessoas já morreram em protestos desde então. Dina Boluarte durante discurso para a população em 12 de dezembro

REUTERS

A presidente do Peru, Dina Boluarte, afirmou neste domingo (29) que, se o Congresso do país não aprovar a mudança das próximas eleições para 2023, seu governo irá propor uma nova lei para adiantar as eleições para outubro deste ano.

Ela também afirmou que, caso o adiantamento das eleições não seja aprovado, o Executivo irá propor uma lei que obrigue o próximo Congresso eleito a supervisionar uma reforma completa da Constituição.

O país vive um momento de instabilidade desde que o antigo presidente, Pedro Castillo, tentou realizar um autogolpe e foi substituído por Boluarte no fim de 2022. Desde então, protestos tomaram conta do país e quase 60 pessoas já morreram.

Entenda os protestos

Os protestos, que começaram no interior do país, mudaram-se na semana passada para Lima , onde um grupo de mais de mil manifestantes marchou pela primeira vez ao longo da principal avenida que liga a parte norte da capital com o centro histórico.

Os manifestantes exigem:

Saída de Dina Boluarte da presidência;

Renúncia dos membros do Congresso;

Convocação de uma assembleia constituinte;

Antecipação das eleições;

Justiça para os que morreram durante os protestos.

Alguns manifestantes exigem também a libertação e a reintegração de Castillo como presidente.

Na sexta-feira (27), um projeto de lei que buscava antecipar as eleições gerais para o final de 2023 não foi aprovado pelo plenário do Congresso: 45 parlamentares votaram a favor, 65 contra, 2 se abstiveram.

Os parlamentares apresentaram pouco antes do encerramento do plenário parlamentar uma reconsideração da votação que rejeitou o projeto de antecipação das eleições.

A presidência do Peru lamentou que o Congresso não tenha definido uma data para o avanço das eleições gerais, conforme solicitado por milhares de peruanos, entre outras demandas durante os protestos incessantes.

"O Peru não está mais interessado no que o Congresso faz. O Congresso não é necessário para o povo peruano. Vamos continuar na marcha, a polícia tem que se cansar, a gente vê o cansaço deles, a gente vai entrar lá", disse Juan Cruz, um manifestante usando um capacete laranja.