Bola Tinubu é eleito presidente da Nigéria, diz comissão eleitoral

Bola Tinubu é eleito presidente da Nigéria, diz comissão eleitoral
Após eleição disputada, Tinubu mantém partido do atual presidente no poder. Bola Tinubu, de chapéu vermelho, em 21 de fevereiro de 2023

Sunday Alamba/AP

A Comissão Eleitoral da Nigéria declarou, nesta quarta-feira (1º), que o candidato Bola Tinubu foi eleito presidente. O resultado vem após uma eleição equilibrada.

A vitória de Tinubu estende o controle do Partido do Congresso Todos os Progressistas (APC) sobre o poder no principal produtor de petróleo do continente africano e na nação mais populosa. Tinubu herda, porém, uma série de problemas do atual presidente Muhammadu Buhari, que também é do APC.

O ex -governador do centro comercial Lagos recebeu 8,79 milhões de votos. Seu principal adversário, da oposição, Atiku Abubakar, conquistou 6,98 milhões de votos. Peter Obi, um outsider popular entre os eleitores mais jovens, ganhou 6,1 milhões de votos.

A lei eleitoral da Nigéria diz que um candidato pode vencer apenas obtendo mais votos do que seus rivais, desde que recebam 25% dos votos em pelo menos dois terços dos 36 estados e da capital federal Abuja, feito conquistado por Tinubu.

Durante grande parte de sua carreira política, o presidente eleito da Nigéria, Bola Tinubu, exerceu poder nos bastidores, amplamente considerado como um "padrinho" que usa uma extensa rede de patrocínio para apoiar candidatos a cargos públicos.

O apoio de Tinubu ajudou o líder o presidente em exercício a conquistar dois mandatos, em 2015 e 2019. E desde que ele deixou o cargo de governador de Lagos em 2007, Tinubu escolheu todos os candidatos vencedores subsequentes para administrar a maior cidade da África.

Esse poder agora será testado enquanto Tinubu tenta lidar com a crise da Nigéria e melhorar o desempenho medíocre de Buhari.

A Nigéria é cercada por grupos armados que tornaram partes do país ingovernáveis, enquanto sua economia mal consegue acompanhar o crescimento populacional em meio à inflação crescente e à escassez de dinheiro após uma introdução malsucedida de novas notas bancárias.

Muitos desses problemas pioraram sob Buhari, em cuja chapa Tinubu concorreu. Questionado em uma coletiva de imprensa no último fim de semana sobre por que os eleitores deveriam elegê-lo, Tinubu buscou se distanciar do partido que ajudou a criar.

"Eu não sou o partido", disse. "Meu histórico deve falar por mim. Olhe para Lagos: antes de eu chegar, tínhamos cadáveres na estrada, um sistema de trânsito caótico, roubos durante o dia e à noite."

"Vamos lá: bata palmas para mim", acrescentou em uma aparência típica da arrogância que muitas vezes marca os líderes do maior produtor de petróleo da África e país mais populoso.

Embora Tinubu tenha perdido vários dos grandes eventos de campanha de seu partido e tenha parecido frágil durante algumas aparições, com discurso muitas vezes lento e arrastado, ele repetidamente ignorou preocupações com sua saúde.

Os partidários de Tinubu o retratam como um administrador eficaz com um histórico de escolher tecnocratas competentes.

Críticos dizem que ele concede contratos lucrativos e bons empregos a partidários e, no passado, recorreu aos chamados garotos da área, que controlam informalmente as ruas de Lagos e comparecem em massa a seus comícios, para intimidar os oponentes caso ele não conseguir o que quer.

O homem de 70 anos não responde a tais alegações e tende a ignorá-las. Um porta-voz da campanha de Tinubu não respondeu aos repetidos pedidos de comentários.

A biografia no site de campanha de Tinubu diz que ele nasceu em Lagos em 1952, em uma família muçulmana do grupo étnico Yoruba, maioria no sudoeste da Nigéria. Outros dizem que ele é muito mais velho.

Na década de 1970, Tinubu emigrou para os Estados Unidos, onde trabalhou como lavador de pratos, taxista e guarda noturno para custear os estudos. Ele se formou em administração de empresas na Chicago State University em 1979.

Depois de trabalhar para empresas de consultoria norte-americanas, Tinubu voltou para a Nigéria na década de 1980 e trabalhou para a filial da petrolífera Mobil como auditor.

Ele se envolveu pela primeira vez na política na década de 1990 e foi eleito governador de Lagos quando o regime militar terminou em 1999. Tinubu cumpriu dois mandatos.

Seus apoiadores dizem que ele melhorou as estradas, coleta de lixo e outros serviços na cidade caótica, mas muitos lagosianos afirmam que a cidade continua profundamente disfuncional.

Outros cidadãos se perguntam se, com o custo exorbitante dos contratos —alguns com empresas nas quais seus aliados próximos têm o controle acionário— a cidade realmente conseguiu uma boa relação custo-benefício. Um projeto de metrô iniciado por Tinubu há 20 anos ainda não foi concluído.

O apoio de Tinubu a Buhari, cujo governo lutou para resolver os principais problemas econômicos e de segurança da Nigéria, também fez pouco para aumentar a confiança nele entre muitos dos 93,4 milhões de eleitores registrados.