TRF anula operação da PF em "rei do ouro" de MT após citar desconhecimento de fraudes

A falta de evidências mínimas de autoria e materialidade levou o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) a invalidar a decisão judicial que permitiu as buscas e apreensões em propriedades residenciais e comerciais dos empresários Valdinei Mauro, Cristiana das Dores de Souza e Ronny Morais, que fazem parte das empresas mineradoras Santa Clara, Chimbuva e Salinas Gold Mineração Ltda.

Foto: Reprodução internet

Foto: Reprodução internet

A falta de evidências mínimas de autoria e materialidade levou o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) a invalidar a decisão judicial que permitiu as buscas e apreensões em propriedades residenciais e comerciais dos empresários Valdinei Mauro, Cristiana das Dores de Souza e Ronny Morais, que fazem parte das empresas mineradoras Santa Clara, Chimbuva e Salinas Gold Mineração Ltda. Eles foram alvos de uma ação da Polícia Federal durante a Operação Hermes, devido à compra de mercúrio do Grupo Veggi, suspeito de vender ilegalmente o produto, causando danos ambientais significativos.

A Quinta Turma do TRF concordou com a argumentação da defesa, representada pelos advogados Hélio Nishiyama, Alberto Zacharias Toron, Ralph Tórtima Filho e Fernando da Nóbrega Cunha, de que a simples aquisição de mercúrio não implica automaticamente em conhecimento das alegadas irregularidades. Eles destacaram a ausência de evidências concretas e enfatizaram a importância de preservar a boa-fé e a legalidade das ações, especialmente considerando que as operações mineradoras estavam licenciadas e as aquisições seguiram as formalidades do Ibama.

O desembargador federal Mauricio Kato enfatizou que a decisão inicial tinha um caráter exploratório e que, diante da falta de provas de autoria e materialidade, as buscas eram inválidas. Ele argumentou que é essencial ter indícios de autoria antes de realizar medidas invasivas, não se justificando a violação das garantias constitucionais com o objetivo de buscar evidências de crimes posteriormente.

O desembargador Ali Mazloum também ressaltou a ausência de indícios suficientes de conduta criminosa por parte dos empresários e de conhecimento sobre supostas irregularidades nas transações de mercúrio. Ele destacou que as buscas se assemelhavam a uma “pesca probatória”, o que é proibido e resultaria na nulidade das provas coletadas.

A decisão do TRF tem efeito imediato, anulando a autorização para as buscas e apreensões nas propriedades dos empresários, bem como todos os itens apreendidos durante a operação.