Trator é levado para Terra Yanomami pendurado em helicóptero das Forças Armadas por 240 quilômetros

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Trator é levado para Terra Yanomami pendurado em helicóptero das Forças Armadas por 240 quilômetros
Máquina foi transportada do município de Amajari, ao Norte de Roraima, até a região de Surucucu no território indígena. Transporte durou cerca de 1h30. Trator foi transportado por helicóptero para a Terra Yanomami, em Roraima.

Divulgação/Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte

Um trator, que será usado na distribuição alimentos, foi transportado para a Terra Indígena Yanomami pendurado por 240 quilômetros em um helicóptero das Forças Armadas. A informação foi divulgada nesta terça-feira (5) pelo Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte.

O transporte durou cerca de 1h30 e aconteceu na última sexta-feira (1°). A máquina deve ser utilizada na distribuição de cestas de alimentos aos indígenas Yanomami e nas demandas logísticas da região de Surucucu.

Inicialmente, o trator foi transportado por via terrestre até o município de Amajari, no Norte de Roraima. No local, ele foi preparado por uma equipe especializada, possibilitando o transporte por meio do helicóptero até a região de Surucucu, dentro do território Yanomami.

Trator foi pendurado por 240km em um helicóptero das Forças Armadas, em Roraima.

Divulgação/Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte

Para evitar que o trator girasse ou fizesse movimentos pendulares durante o trajeto, um paraquedas estabilizador foi fixado na base dele. De acordo com o piloto e oficial de resgate, Tenente Aviador Pedro Henrique Silva dos Anjos, a segurança da operação é um dos principais cuidados a serem tomados.

"Outro destaque relacionado à Operação Ágata é a redução dos custos operacionais, proporcionada pelo uso do paraquedas estabilizador, que permitiu uma maior velocidade de translado, garantindo menor consumo de combustível e horas de voo da aeronave", explicou.

Segundo o Comando Conjunto, o trator vai atender diversas demandas na localidade, como o transporte das cestas de alimentos, que são lançadas diariamente pelas aeronaves C-105 Amazonas.

O transporte de alimentos faz parte de uma das frentes de atuação das Forças Armadas na crise sanitária no território. A comida tem chegado em cestas preparadas com alimentos saudáveis e culturalmente adequados, como paçoca de carne seca, goma tapioca, flocão de milho e até sardinha em lata, tendo em vista que não há mais peixe nos rios contaminados por garimpeiros.

Além da entrega de alimentação, as Forças Armadas atuam no enfrentamento à desassistência em saúde e no combate ao garimpo ilegal no território Yanomami.

Essa é a segunda vez que as Forças Armadas realizam o transporte de máquinas para o território. A primeira ocorreu durante a operação Yanomami.

Terra Yanomami

Entenda como funciona o garimpo ilegal na terra Yanomami e os danos causados na região

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária. Desde o dia 20 de janeiro, a região está em emergência de saúde pública.

Alvo há décadas de garimpeiros ilegais, o maior território indígena do Brasil enfrentou nos últimos o avanço desenfreado da atividade ilegal no território. Em 2022, a devastação chegou a 54% - cenário que tem mudado com as ações deflagradas desde janeiro deste ano.

A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território, causa violência, conflitos armados e devasta o meio ambiente - com o aumento do desmatamento, poluição de rios devido ao uso do mercúrio, e prejuízos para a caça e a pesca, impactando nos recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta.

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