Conheça a mesquita de Al-Aqsa, disputada por judeus e muçulmanos e que foi citada pelo Hamas em ataque

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Conheça a mesquita de Al-Aqsa, disputada por judeus e muçulmanos e que foi citada pelo Hamas em ataque
O grupo extremista islâmico armado Hamas descreveu o ataque a Israel como uma operação 'em defesa da mesquita de Al-Aqsa'. Polícia israelense escolta pessoas durante visita no complexo de Al-Aqsa em setembro de 2023

Sinan Abu Mayzer/ Reuters

O grupo extremista islâmico armado Hamas descreveu o ataque a Israel deste sábado (7) como uma operação "em defesa da mesquita de Al-Aqsa". O complexo que fica em Jerusalém é foco histórico de tensão entre judeus e muçulmanos nos últimos anos.

Imagens violentas do ingresso da polícia de Israel no interior da mesquita para deter "agitadores" geraram fortes reações nesta semana, não só no território palestino como em Israel e no mundo muçulmano em geral.

Nacionalistas religiosos israelitas – como Itamar Ben-Gvir, o ministro da segurança nacional – aumentaram as visitas ao complexo. Na semana passada, durante o festival judaico da colheita de Sucot, centenas de judeus ultra-ortodoxos e ativistas israelitas visitaram o local, provocando a condenação do Hamas, de acordo com a Associated Press.

Confira abaixo 5 pontos sobre a mesquita de Al-Aqsa e os momentos de tensão em Jerusalém:

1. Quando foi construída e quem administra

A Cúpula da Rocha é refletida em uma fonte de água usada para lavagens rituais no complexo de Al-Aqsa

Ammar Awad/ Reuters

O local é chamado pelos muçulmanos de Al-Haram al-Sharif (Nobre Santuário) e abriga o Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa (A Distante).

A construção teve início no século VII, após a tomada de Jerusalém pelo califa Omar. Ela foi construída sobre o local do templo judaico destruído pelos romanos no ano 70, que tem como único vestígio o Muro das Lamentações.

Israel tomou posse da mesquita de Al-Aqsa na guerra de 1967 e a anexou junto com o resto de Jerusalém Oriental.

O monarca hachemita da Jordânia é o guardião oficial do local. Ele nomeia membros de uma fundação independente do governo israelense - conhecida como waqf islâmica - para supervisionar o local.

Mulheres palestinas se reúnem em frente ao complexo de Al-Aqsa, em Israel

Ammar Awad/ Reuters

2. Para os mulçumanos

Os muçulmanos consideram a Al-Aqsa o terceiro lugar mais sagrado do Islã, depois da Meca e da Medina, ambas localizadas na Arábia Saudita.

No centro das religiões monoteístas o Islã diz que o Profeta Mohammad foi levado da Meca para Al-Aqsa e de lá para o céu durante uma única noite em 620 d.C.

Além disso, no Alcorão, o livro sagrado do Islã, é relatado que várias pessoas que os muçulmanos consideram profetas fizeram peregrinações por lá, como Ibrahim (Abraão), Dawud (David), Sulaiman (Salomão), Ilyas (Elías) e Isa (Jesus).

Localizado no coração da Cidade Velha de Jerusalém, al Aqsa fica em uma colina conhecida pelos muçulmanos como al Haram al Sharif, ou O Nobre Santuário.

Este complexo abriga ainda dois locais sagrados para os muçulmanos: o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa ou Qibli, construída no século 18 d.C.

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3. Para os judeus

A mesquita fica em um local que é considerado sagrado para o judaísmo. É conhecida pelos judeus como Har ha Bayit ou Monte do Templo, e também é sagrado para os judeus.

Eles acreditam que o rei Salomão construiu o primeiro templo lá há 3.000 anos e que um segundo templo judaico construído no local foi destruído pelos romanos em 70 d.C.

Os judeus chamam o local de Monte do Templo, porque era o local de dois templos antigos, que foram destruídos.

O Rabinato Chefe de Israel proíbe os judeus de entrar no complexo do Monte do Templo porque é considerado sagrado demais para pisar.

O governo israelense permite que judeus visitem o local apenas como turistas e apenas por quatro horas por dia e cinco dias por semana.

Os judeus rezam no Muro das Lamentações, abaixo do Monte do Templo, que se acredita ser o último remanescente do Templo de Salomão.

4. Segurança e visitas

As forças de segurança israelenses mantêm presença no local, e judeus e cristãos podem visitá-lo, mas durante anos foram impedidos de rezar no local para evitar confrontos. Mais recentemente, a polícia israelita permitiu discretamente que os judeus rezassem ali.

Os nacionalistas religiosos israelitas têm feito cada vez mais questão de ir ao local, e a declaração de sábado da ala militar do Hamas citou a oração judaica no complexo, dizendo que o que chamou de "agressão" tinha "atingido um pico nos últimos dias".

Os não-muçulmanos podem visitar a mesquita, mas apenas os crentes desta religião podem rezar dentro do templo.

Palestinos se reúnem em frente ao complexo de Al-Aqsa, em Israel, em setembro 2023

Ammar Awad/ Reuters

5. Confrontos

Polícia israelense usa bombas de efeito moral contra palestinos em Jerusalém em 7 de maio de 2021

Ammar Awad/Reuters

O complexo Al-Aqsa tem sido considerado um barril de pólvora em que o menor incidente pode provocar confrontos.

Em 1996, uma decisão israelense de abrir uma nova entrada ao oeste da esplanada provocou distúrbios que deixaram 80 mortos em três dias.

Em 28 de setembro de 2000, a visita à esplanada de Ariel Sharon, então líder da oposição de direita israelense, foi considerada uma provocação pelos palestinos. No dia seguinte, violentos confrontos entre palestinos e policiais israelenses deixaram sete mortos a tiros entre os manifestantes, deflagrando o início da segunda Intifada.

Em 2014, Jordânia e Israel entram em crise por discórdia sobre mesquita de Al-Aqsa.

Em julho 2017, dois palestinos morreram em confrontos com as forças de segurança israelenses.

Em agosto de 2019, os choques entre policiais israelenses e fiéis na Esplanada das Mesquitas deixaram dezenas de feridos durante importantes celebrações judaica e muçulmana.

A revolta palestina, que durou anos, desenvolveu-se na sequência de uma visita de Ariel Sharon, então líder da oposição de direita de Israel, em 2000.

Os últimos anos trouxeram confrontos devido a batidas policiais israelenses no local. Os ataques israelitas ao complexo da mesquita em maio de 2021 contribuíram para desencadear uma guerra de 11 dias entre Israel e o Hamas.

Palestinos fogem enquanto a polícia israelense dispara bombas de efeito moral durante confrontos no complexo que abriga a mesquita Al-Aqsa EM 2021

Ammar Awad/Reuters

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