Departamento de Justiça dos EUA processa estado da Geórgia por lei que endurece regras eleitorais

Departamento de Justiça dos EUA processa estado da Geórgia por lei que endurece regras eleitorais
Medida amplia exigências para votos por correio e impede fornecimento de água e comida a pessoas na fila da votação. Presidente Joe Biden, que venceu Trump no estado em 2020, criticou a medida. Eleitores votam no segundo turno para o Senado americano em Marietta, Georgia, na terça-feira (5)

Reuters/Mike Segar

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (25) que vai processar o estado da Geórgia pela lei que tornou mais rígidas as regras eleitorais do estado, o que é considerado pelo governo federal uma violação dos direitos civis.

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O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, disse em entrevista coletiva que a nova lei eleitoral é discriminatória contra eleitores negros. Ele disse também que seus procuradores vão investigar uma série de ameaças sofridas por voluntários durante a apuração das eleições presidenciais.

A Geórgia aprovou no fim de março uma nova lei que torna mais rígidas as regras eleitorais do estado. Criticada pelo presidente Joe Biden e políticos democráticas, a medida teve apoio do Congresso estadual, de maioria republicana, e foi assinada pelo governador Brian Kemp, do mesmo partido.

As principais mudanças estão nas regras da votação por correio. Mais de 1,3 milhões de eleitores da Geórgia utilizaram essa modalidade de voto nas eleições presidenciais de 2020, quando Joe Biden venceu Donald Trump e se tornou o primeiro democrata a vencer no estado desde 1992.

Veja algumas das mudanças:

Eleitores que votarem por correio devem anexar uma identidade com foto na cédula

O prazo para o envio do voto antecipado será encurtado

Menos locais para depósito das cédulas serão disponibilizados

Bares e restaurantes não poderão oferecer água ou comida a quem estiver nas filas

Contagem de votos no estado da Geórgia, em 6 de novembro de 2020

Jessica McGowan/AFP

Apoiadores do ex-presidente acusaram as autoridades eleitorais de fraude nos votos enviados por correio — medida flexibilizada por causa da pandemia de Covid-19.

Porém, além de nenhuma irregularidade ter sido encontrada, os resultados foram validados por tribunais e pelo Congresso dos Estados Unidos.

Políticos democratas chamaram a medida de "supressão de votos" e compararam as regras aos tempos de segregação racial nos EUA. Do outro lado, republicanos afirmam que as mudanças trazem mais segurança ao processo eleitoral e evitam erros.

Biden critica: 'É doentio'

Presidente dos EUA, Joe Biden, participa nesta quinta-feira (25) de entrevista coletiva em que anunciou novas metas de vacina

Leah Millis/Reuters

Em entrevista coletiva à época, Biden chamou medidas do tipo — que também têm sido avaliadas em outros estados — de "anti-americanas" e "doentias". O presidente disse que vai pensar em uma forma de reverter a medida a partir do Congresso americano.

"É doentio decidirem que em alguns estados você não pode levar água a pessoas esperando na fila para votar, decidirem que vai interromper a votação às 5 da tarde, quando as pessoas ainda estão saindo do trabalho, decidirem que não vai haver votos por correio nas mais rígidas circunstâncias", criticou.

Votos pelo correio existem em eleições americanas há décadas, mas ganharam protagonismo em 2020 diante da pandemia do coronavírus. Como cada estado tinha uma regra própria para contar essas cédulas, houve atrasos, e a vitória de Joe Biden só saiu quatro dias depois do fechamento das urnas.

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