Jovens internadas com câncer obtêm liminar inédita na Justiça e poderão fazer Enem no hospital

Duas jovens estudantes de 18 anos diagnosticadas com câncer conseguiram, após uma decisão inédita da Justiça, autorização para que possam realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no leito do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), em São Paulo, onde estão internadas há meses para tratamento da doença.

Duas jovens estudantes de 18 anos diagnosticadas com câncer conseguiram, após uma decisão inédita da Justiça, autorização para que possam realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no leito do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), em São Paulo, onde estão internadas há meses para tratamento da doença. 

Julia Silva e Gabriella Bonfim já estavam inscritas para o vestibular quando passaram a ter que lutar contra meduloblastoma e leucemia mielóide aguda, respectivamente. O quadro delas é sensível, sobretudo porque ambas acabaram de passar por transplantes. Por isso, clinicamente não podem deixar a internação, sob risco de vida. Os parentes contam que, frustrados com a possibilidade de as adolescentes perderem o exame pelo qual se prepararam durante o ano inteiro, procuraram o Inep em busca de uma alternativa, mas não houve solução por parte do órgão federal regulador. Foi quando resolveram apelar ao judiciário.

Gabriella e Julia não se conheciam antes da internação, mas suas histórias acabaram unidas pelo mesmo objetivo. A mãe de Gabriella conta que a filha iniciou o tratamento no dia 21 de agosto, logo quando o câncer voltou. Ficou internada para realizar sessões de quimioterapia, mas os médicos logo disseram que ela precisava fazer um transplante de medula óssea para diminuir as chances de a doença voltar a aparecer e, também, para ter uma alternativa melhor de cura. De lá para cá, apenas por 4 dias ela esteve fora do hospital, numa chamada “alta licença” dada pelos médicos antes da realização do transplante. Por enquanto, ela não pode sair sequer do quarto. 

Regulamento exclui pessoas internadas, dizem advogadas

As advogadas da família contam que as jovens se frustraram foram informadas que, devido à complexidade de seus tratamentos, não teriam a chance de realizar a prova. De acordo com elas, o regulamento previsto no edital publicado pelo Inep exclui os estudantes que precisam ser internados para tratamentos ou cirurgias na data do exame.

As estudantes, então, viram na Justiça a última esperança para garantir o direito de realizar a prova. Por meio de uma liminar, o juiz autorizou que o Enem seja aplicado nas dependências do hospital, e determinou que o Inep providencie todas as condições necessárias para a aplicação do exame nas datas marcadas. Julia e Gabriella poderão realizar as provas nos dias 5 e 12 de novembro, no leito, em um esquema preparado para atendê-las dentro do hospital, enquanto continuam o tratamento médico.